Extrema-direita celebra vitória de Trump com saudações nazis
Presidente eleito distanciou-se dos festejos deste grupo radical.
Numa sala cheia, um homem num púlpito fala ao microfone, para uma multidão e grita “Hail our people” (saudações ao nosso povo, numa tradução livre), “Hail victory” (saudações à vitória). O auditório responde e aplaude, sem hesitar, uma frase semelhante à saudação da Alemanha nazi (Heil Hitler). Alguns acompanham os gritos com a reprodução do mesmo gesto utilizado pelos nazis, levantando o braço direito e esticando a mão no ar. Batem-se palmas. Mais cumprimentos nazis. O discurso prossegue. “Para nós, é conquistar ou morrer”, diz o homem ao microfone.
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Numa sala cheia, um homem num púlpito fala ao microfone, para uma multidão e grita “Hail our people” (saudações ao nosso povo, numa tradução livre), “Hail victory” (saudações à vitória). O auditório responde e aplaude, sem hesitar, uma frase semelhante à saudação da Alemanha nazi (Heil Hitler). Alguns acompanham os gritos com a reprodução do mesmo gesto utilizado pelos nazis, levantando o braço direito e esticando a mão no ar. Batem-se palmas. Mais cumprimentos nazis. O discurso prossegue. “Para nós, é conquistar ou morrer”, diz o homem ao microfone.
O vídeo é da última sexta-feira e aconteceu em Washington, nos Estados Unidos. O momento é protagonizado por Richard Spencer e pretende festejar a eleição de Trump como próximo Presidente dos EUA. O “Hail Trump!” também não falta.
O discurso prolonga-se 30 minutos e acontece só depois da comunicação social sair da sala onde decorreu o encontro. Spencer dirige-se à imprensa como Lügenpresse, palavra alemã que os nazis usavam para se referir aos seus críticos na imprensa. As imagens acabaram por ser partilhadas por uma conta no YouTube e a Atlantic, que está a trabalhar num documentário sobre Spencer, partilhou excertos.
Richard Spencer é líder da alt-right, como é definida por especialistas em extrema-direita como Cas Mudde, cujas políticas vão ao encontro da ideologia neo-nazi, com um discurso racista, anti-semita, defendendo a supremacia branca. Além disso, é ainda presidente do Instituto de Política Nacional, um “centro de estudos” que se assume como uma instituição que se dedica à “identidade e futuro dos povos de descendência europeia nos Estados Unidos”. Recentemente, o líder supremacista viu a sua conta de Twitter suspensa, devido ao seu discurso extremista.
O encontro aconteceu no restaurante Maggiano's, que já se distanciou do grupo, recusando qualquer associação ao movimento. Na sua página, a gerência vincou que não tinha conhecimento do que iria acontecer nem tão pouco que se tratava de um encontro do grupo. O restaurante irá ainda doar 10.000 dólares à Anti-Defamation League (Liga Anti-Difamação), que “durante anos trabalhou para criar um ambiente de paz e compreensão”.
O discurso alarmou o Museu do Holocausto dos EUA, que condenou o discurso de ódio da conferência nacionalista.
“O Holocausto não começou com mortes. Começou com palavras”, lembra a instituição, que pede uma acção do Governo contra o discurso de propaganda nazi.
O discurso ganha relevo, uma vez que o grupo está associado a um dos futuros conselheiros de Donald Trump, Stephen Bannon, que liderava até há pouco tempo a plataforma de propaganda do movimento.
Após a eleição de Trump, o aumento de denúncias sobre episódios de xenofobia e racismo alarmou algumas instituições e populações. Um pouco por todo o país, várias escolas reforçaram os serviços do gabinete de apoio às minorias.
Ainda na segunda-feira, a equipa de Trump demarcou-se do grupo. "O Presidente eleito Trump continua a denunciar o racismo sob qualquer forma e foi eleito porque será um líder para todos os norte-americanos", lê-se no comunicado reproduzido pelo Huffington Post. "Pensar de outra forma é uma interpretação errada sobre o movimento que uniu americanos de várias origens."