Nem muro nem deportações no primeiro dia de Trump
Saída do TPP e fim das limitações à exploração de fontes de energia não renováveis são algumas das prioridades imediatas do próximo Presidente dos EUA.
A menos de dois meses de tomar posse, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, já tem agenda para o primeiro dia que vai passar na Casa Branca. Entre as promessas está a retirada do Acordo Trans-Pacífico de comércio-livre e o cancelamento das restrições à exploração de combustíveis fósseis. Ausente do programa estão, porém, algumas das medidas mais polémicas relacionadas com a imigração.
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A menos de dois meses de tomar posse, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, já tem agenda para o primeiro dia que vai passar na Casa Branca. Entre as promessas está a retirada do Acordo Trans-Pacífico de comércio-livre e o cancelamento das restrições à exploração de combustíveis fósseis. Ausente do programa estão, porém, algumas das medidas mais polémicas relacionadas com a imigração.
Não será no dia da tomada de posse que as betoneiras vão ser enviadas para a fronteira com o México, onde será construído o “muro bonito” que Trump prometeu durante a campanha. Pelo menos foi isso que ficou implícito na mensagem de dois minutos que o Presidente eleito publicou na noite de segunda-feira e em que elencava as principais medidas que quer aprovar no primeiro dia do seu mandato.
A equipa de conselheiros do magnata republicano agrupou uma série de ordens executivas – medidas emanadas pelo Presidente que não necessitam de aprovação pelo Congresso – que Trump quer pôr em prática logo no primeiro dia. “O meu programa vai ser baseado num princípio nuclear simples: colocar a América em primeiro lugar”, afirmou Trump, reiterando o lema de campanha, que será agora o lema da sua Administração: “Tornar a América grandiosa outra vez.”
Uma das primeiras acções é a saída dos EUA do Acordo Trans-Pacífico (conhecido como TPP) – um tratado de comércio-livre que envolve 12 países e que foi assinado em Fevereiro – e que, segundo Trump, representa um “desastre potencial”. Em alternativa, o magnata do imobiliário irá iniciar negociações para fechar acordos de comércio bilaterais, embora não especifique com que países.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que foi o primeiro líder mundial a encontrar-se pessoalmente com Trump, disse que, sem os EUA, o TPP, do qual também é signatário, “não tem significado”.
Trump prometeu ainda acabar com as limitações à exploração de combustíveis fósseis, “incluindo o gás de xisto e o carvão limpo”. Embora não o refira directamente, o objectivo de Trump é reverter a legislação ambiental aprovada pelo actual Presidente, Barack Obama, que limita a emissão de gases com efeito de estufa – uma promessa feita durante a cimeira do clima de Paris, no ano passado.
Para o republicano, as restrições actualmente em vigor “matam empregos” e são conhecidas as suas posições em relação à tese das alterações climáticas – que diz terem sido inventadas pela China para prejudicar a competitividade da indústria norte-americana. O responsável pelas nomeações para a Agência para a Protecção do Ambiente é Myron Ebell, um conhecido negacionista das alterações climáticas.
Esta semana, a directora da mesma agência, Gina McCarthy, garantiu que o fim da dependência dos combustíveis fósseis irá continuar, mesmo com Trump na Casa Branca. “A inevitabilidade do nosso futuro de energia limpa é maior do que qualquer pessoa ou nação”, afirmou durante um discurso no National Press Club.
Quanto à imigração – um dos temas que dominou a campanha eleitoral – a proposta de Trump resume-se a pedir ao “Departamento do Trabalho para investigar os abusos aos programas de vistos”, bem longe de outras promessas como a construção de um muro na fronteira com o México para travar a imigração ilegal ou a deportação imediata de imigrantes com cadastro.
Confrontos com a imprensa
Nos últimos dias, Trump tem chamado à Trump Tower vários proprietários de órgãos de comunicação social para reuniões off the record, ou seja, em sigilo. Segundo algumas fontes citadas pelo site Politico, o Presidente eleito – que durante a campanha insistiu na ideia de que “os media desonestos” não o tratavam como merecia – aproveitou para pedir um “recomeço” nas futuras relações com os jornalistas.
Porém, o “recomeço” desejado terá ficado adiado, pelo menos no que toca às relações entre o Presidente eleito e o New York Times, apelidado constantemente durante a campanha de “falhado” por Trump. “Cancelei a reunião de hoje com o falhado NYTimes quando os termos e as condições da reunião foram mudadas no último minuto. Não é bom”, revelou Trump, através do Twitter.
A porta-voz do jornal, Eileen Murphy, nega a versão de Trump, dizendo que não foi pedida qualquer alteração às regras e que só soube do cancelamento do encontro através da mensagem no Twitter. O encontro seria composto por duas sessões, uma off the record e outra on the record. “Não mudámos as regras nem fizemos qualquer tentativa para isso. Eles tentaram ontem – pedindo para que fosse apenas um encontro privado sem segmento on the record, o que recusámos”, disse Murphy.
Poucas horas depois, Trump anunciava pelo Twitter que a reunião com o New York Times tinha voltado a ser agendada. "Ansioso por isso!", acrescentou.