“Pão a pão”, ajudar a integrar as refugiadas sírias

Projecto quer criar postos de trabalho para mulheres sírias e usar a comida como ponte entre o Médio Oriente e Portugal. Entre 1 e 22 de Dezembro há jantares solidários no Mercado de Santa Clara, em Lisboa

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Quando perguntaram a Alaa Alhariri o que mais lhe fazia falta do seu país, a estudante síria de arquitectura não hesitou: aquilo de que tinha mais saudades era o pão, respondeu a Francisca Gorjão Henriques e Rita Melo. A jornalista e a designer começaram ali a imaginar a criação de uma padaria síria em Lisboa — e, ingrediente a ingrediente, foram fazendo crescer a ideia. O “Pão a Pão – Projecto de Integração de Refugiados” quer abrir portas entre o Médio Oriente e Portugal. Entre 1 e 22 de Dezembro vão organizar jantares solidários no Mercado de Santa Clara. Mais tarde vão ter um espaço fixo — e através da restauração criar postos de trabalho para mulheres sírias.

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Quando perguntaram a Alaa Alhariri o que mais lhe fazia falta do seu país, a estudante síria de arquitectura não hesitou: aquilo de que tinha mais saudades era o pão, respondeu a Francisca Gorjão Henriques e Rita Melo. A jornalista e a designer começaram ali a imaginar a criação de uma padaria síria em Lisboa — e, ingrediente a ingrediente, foram fazendo crescer a ideia. O “Pão a Pão – Projecto de Integração de Refugiados” quer abrir portas entre o Médio Oriente e Portugal. Entre 1 e 22 de Dezembro vão organizar jantares solidários no Mercado de Santa Clara. Mais tarde vão ter um espaço fixo — e através da restauração criar postos de trabalho para mulheres sírias.

As raízes do projecto estavam há muito lançadas. “Tínhamos vontade de fazer qualquer coisa face a esta calamidade à qual a Europa não está a saber responder”, conta a presidente da associação e jornalista do PÚBLICO Francisca Gorjão Henriques. Ao lado de Alaa Alhariri, Rita Melo e Nuno Mesquita (estes dois da Blindesign, empresa ligada a projectos sociais), desenhou um projecto focado na inclusão de mulheres, “o grupo mais vulnerável”, e na divulgação de uma cultura que “está relativamente distante” do dia-a-dia dos portugueses.

Enquanto não se inaugura o espaço definitivo — que além de restaurante terá lugar para "workshops" de gastronomia, dança, música e escrita —, seis mulheres sírias já integraram o projecto. Com o chef Bader Mardini, há três anos em Portugal, em fuga da guerra, já receberam formação e vão assumir a cozinha no Mercado de Santa Clara. “Elas já têm essa competência. Muitas passaram anos em volta da cozinha. A ideia é usar esse saber e profissionaliza-las”, explicou Francisca Gorjão Henriques.

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Falemos de apenas três exemplos da gastronomia síria. Para abrir o apetite. A famosa pasta de grão de bico húmus (“a melhor que conheço”, diz Francisca), moussaka, um prato à base de beringela, e pão sírio (que na gastronomia desse país “funciona como colher, é um acompanhamento das refeições”).

Em Portugal há “muito poucos restaurantes” desta cozinha — algo que para Francisca Gorjão Henriques é “incompreensível”. “Temos ligações históricas com a cultura árabe. E a comida deles do Médio Oriente acerta muito com o paladar português." Tal como nós, refere, os sírios valorizam muito a comida e o convívio à volta da mesa. "E isso é um importante ponto em comum."