“De Sol a Sol”: Eles vivem o “hip-hop” 24 horas por dia

O “hip-hop” “não são só rimas, beats, coreografias e pratos”. Quatro vídeos, quatro protagonistas e quatro histórias contam como é o dia-a-dia daqueles que fazem parte desta cultura musical em Portugal

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Primeiro episódio. Estamos na casa de Bispo, um rapper que começou a treinar no quarto com apenas 11 anos e baixava o volume da música para a avó não ouvir as versões inacabadas. Segundo episódio. Viajamos até às Caldas da Rainha: mesa de mistura, computadores e microfones. É este o mundo de Holly, um produtor musical que compõe os instrumentais para as músicas dos “rappers” que o acompanham. Sozinho no quarto produz quase dez “beats” por dia. Terceiro episódio. Entramos na vida de B-Boy Jordan. Nasceu na Guiné e morou em França, onde ouviu, pela primeira vez, “rap”. O “breakdance” entrou, mais tarde, na sua vida quando foi a uma aula de capoeira e descobriu que aí não conseguia aprender a fazer mortais. Quarto episódio. DJ X-Acto desistiu do curso de informática para se dedicar a tempo inteiro à música. Não sabia o que era “scratch” — mais tarde, percebeu que tinha algo para mostrar ao público.

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Primeiro episódio. Estamos na casa de Bispo, um rapper que começou a treinar no quarto com apenas 11 anos e baixava o volume da música para a avó não ouvir as versões inacabadas. Segundo episódio. Viajamos até às Caldas da Rainha: mesa de mistura, computadores e microfones. É este o mundo de Holly, um produtor musical que compõe os instrumentais para as músicas dos “rappers” que o acompanham. Sozinho no quarto produz quase dez “beats” por dia. Terceiro episódio. Entramos na vida de B-Boy Jordan. Nasceu na Guiné e morou em França, onde ouviu, pela primeira vez, “rap”. O “breakdance” entrou, mais tarde, na sua vida quando foi a uma aula de capoeira e descobriu que aí não conseguia aprender a fazer mortais. Quarto episódio. DJ X-Acto desistiu do curso de informática para se dedicar a tempo inteiro à música. Não sabia o que era “scratch” — mais tarde, percebeu que tinha algo para mostrar ao público.

Denominador comum: “hip-hop”. “Queremos desmitificar o hip-hop, a ideia de que é do gueto e que não é música”, explica Alexandra Matos, produtora da série documental “De Sol a Sol”. “É uma ideia que está a ser muito desconstruída porque o hip-hop já tem uma presença bastante diferente em Portugal. Ainda assim há muita gente que nos diz que não vai ver a série porque é sobre hip-hop, mas esta cultura é muito mais do que rap”.

Em Março, começaram as gravações e o primeiro episódio passado em Sintra foi divulgado a 18 de Setembro no YouTube. A iniciativa partiu de três amigos, Alexandra Matos, Luís Almeida e Vasco Teixeira. A primeira é produtora e jornalista e o contacto com a cultura “hip-hop” em Portugal tem sido uma descoberta. O segundo é editor, sempre gostou de “hip-hop” e conta com alguns trabalhos nesta área. O terceiro é realizador e sugeriu que neste projecto seria interessante acompanhar “um dia na vida de”.

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De Sol a Sol é uma série documental que quer mostrar o dia-a-dia daqueles que fazem parte da cultura hip-hop

E foi isso que aconteceu. Sem financiamento e ainda à procura de patrocínios para o projecto, a ideia concretizou-se. De cidade em cidade, Alexandra, Luís e Vasco, a quem se juntam alguns amigos que colaboraram nas filmagens e no empréstimo de material, conheceram quatro vertentes do “hip-hop” e os quatro protagonistas das curtas-metragens que completam a primeira temporada da série. Um “rapper”, um produtor musical, um “breakdancer” e um DJ são “quatro exemplos daquilo que se faz no hip-hop e da maneira como contribuem para a cultura com as suas vivências, maneiras de estar vida e formas de pensar”, diz Alexandra Matos. “O documentário procurar chegar a quem não ouve hip-hop e mesmo a quem ouve para lhes dar a conhecer o outro lado”.

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Holly vive nas Caldas da Rainha e é produtor musical

O próprio nome do projecto reflecte aquilo que é o programa. Neste mundo, diz a produtora, “é preciso trabalhar sem descanso, dia e noite, para conseguir atingir os objectivos”. O nome faz ainda mais sentido tendo em conta que a equipa passou “um dia inteiro” com os protagonistas.

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Bispo é rapper e o protagonista do primeiro episódio da série

Em pouco mais de dez minutos, cada um dos protagonistas tem uma história diferente para contar. Através de conversas mais pessoais, Alexandra procurou saber mais detalhes sobre cada um. “O que nos interessa é saber como a pessoa chegou ao hip-hop, quais as ideias sobre esta cultura e a vida em geral”, resume. “O Bispo diz que o que importa é seguir os teus sonhos mesmo que vás trabalhar para o McDonald's. É uma ideia responsável e humana que queremos transmitir, algo que ele não diz nas entrevistas de um concerto ou de um álbum que lance”, acrescenta a produtora.

Depois da primeira temporada, os três amigos querem continuar o projecto porque defendem que “nem o programa se esgota em quatro episódios, nem o hip-hop se esgota em quatro pessoas que o fazem”. Os moldes mantêm-se iguais na nova temporada: fazer um episódio por cada vertente do “hip-hop”. A única diferença na segunda edição é um quinto episódio sobre um “writer”, alguém que recorre às letras e ao graffiti para se manifestar e transmitir mensagens.

A próxima edição da série já está a ser produzida, mas ainda não tem data de estreia. Para já, podes rever a primeira temporada no canal do YouTube do projecto e aguardar pelo último vídeo que será divulgado em Dezembro. “Não posso revelar muito, mas vamos fazer um debate aberto ao público entre os protagonistas dos quatro episódios”, diz Alexandra Matos.

Na plataforma de crowdfunding Patreon está ainda em curso uma angariação de fundos para apoiar a realização da segunda temporada de “De Sol a Sol”.