Fosun assume 16,7% do BCP em aumento de capital

Accionistas do BCP reúnem novamente a 19 de Dezembro para votar subida da blindagem estatutária de 20% para 30%

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O Banco Comercial Português (BCP) deu este fim-de-semana um primeiro passo no sentido de uma clarificação accionista, com o grupo chinês Fosun a anunciar que comprou 16,7% da instituição liderada por Nuno Amado. Um investimento de longo prazo e que pretende chegar aos 30%, mas o reforço depende da subida até este valor do limite dos direitos de voto. 

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O Banco Comercial Português (BCP) deu este fim-de-semana um primeiro passo no sentido de uma clarificação accionista, com o grupo chinês Fosun a anunciar que comprou 16,7% da instituição liderada por Nuno Amado. Um investimento de longo prazo e que pretende chegar aos 30%, mas o reforço depende da subida até este valor do limite dos direitos de voto. 

O acordo de entrada da Fosun (dona da Fidelidade e da Luz Saúde) no BCP ficou fechado na sexta-feira e foi formalizado no âmbito de um aumento de capital de quase 175 milhões de euros, que teve lugar este fim-de-semana. Nos próximos três anos a Fosun não poderá vender as suas acções que representam 16,7% do banco.

No aumento de capital reservado à Fosun, a instituição assumiu 20% do capital, mas com a diluição do mesmo, fica com uma posição de 16,7%.

A operação abre caminho à estabilidade accionista, numa perspectiva de longo prazo, e foi articulada com a administração de António Monteiro, onde estão sentados os restantes investidores de referência. O investimento chinês, aprovado por consenso, traduz-se ainda numa “aliança” financeira sino-angolana, com epicentro no segundo maior banco português, onde a Sonangol detém 17,84% do capital. E que pretende aumentar para garantir maior equilíbrio na relação de forças internas, dado que a Fosun já manifestou intenção de assumir até 30% do BCP.

Foi, aliás, neste contexto que a presidente da petrolífera africana, Isabel dos Santos [que a título pessoal tem 21% do BPI], requereu junto das autoridades de supervisão, nomeadamente do BCE, autorização para a Sonangol subir o investimento para mais de 20% do BCP. Um pedido ainda sem resposta. Só quando o BCE se pronunciar é que os accionistas do banco chefiado por Nuno Amado serão chamados a votar uma das condições exigidas pela Fosun para se manter em jogo: o reforço da blindagem de estatutos dos actuais 20% para 30%.

A 30 de Junho de 2016, na lista dos grandes accionistas do BCP estavam, para além da Sonangol, o banco espanhol Sabadel (5,07%), a EDP (2,56%), controlada pela China Three Gorges, e a Interoceânico (2,05%). Mais de 44% do capital está disperso por pequenos investidores. Mas se a Fosun e a Sonangol continuarem a investir, terão em conjunto mais de 50% da instituição.

Para votar a subida do limite do uso de direitos de voto dos actuais 20% para 30%, o BCP vai adiar pela segunda-vez a Assembleia Geral, que decorreu a nove de Novembro, e que foi suspensa para continuar esta segunda-feira. Para acautelar as demoras do BCE, a reunião magna deverá ser retomada a 19 de Dezembro.   

Recorde-se que a entrada da Fosun no BCP foi antecipada da aprovação pela administração do BCP da fusão das acções [75 acções em uma acção] o que teve como efeito a subida da cotação, que esta sexta-feira fechou a 1,249 euros. Antes do reagrupamento dos títulos, que só se tornou possível depois de, em Setembro, o governo de António Costa ter alterado o Código do Mercado de Valores Mobiliários, cada acção do BCP transaccionava-se a um cêntimo, o que impede alguns investidores institucionais de investirem, e introduz maior volatIlidade.