E se uma réplica do Cutty Sark fosse construída em Vila do Conde?
Município continua confiante na possibilidade de trazer para os estaleiros do concelho investimento de 25 milhões de euros.
Quando em Setembro do ano passado o comandante do Shtandart mencionou a possibilidade de promover um investimento em Vila do Conde a rondar os 25 milhões de euros, os estaleiros e a autarquia locais ficaram entusiasmados."Seria extraordinário", exclama Elisa Ferraz ainda esperançada que tal seja possível. E compreende-se a animação. Afinal de contas, para além do negócio com um elevado valor financeiro, está em causa a construção de uma réplica, em tamanho real, do célebre veleiro Cutty Sark cujo original (reconstruído após um violento incêndio), pode ser visitado em Greenwich, Londres, Inglaterra. "O prestígio seria imenso", diz a autarca.
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Quando em Setembro do ano passado o comandante do Shtandart mencionou a possibilidade de promover um investimento em Vila do Conde a rondar os 25 milhões de euros, os estaleiros e a autarquia locais ficaram entusiasmados."Seria extraordinário", exclama Elisa Ferraz ainda esperançada que tal seja possível. E compreende-se a animação. Afinal de contas, para além do negócio com um elevado valor financeiro, está em causa a construção de uma réplica, em tamanho real, do célebre veleiro Cutty Sark cujo original (reconstruído após um violento incêndio), pode ser visitado em Greenwich, Londres, Inglaterra. "O prestígio seria imenso", diz a autarca.
A ideia de Vladimir Martus é utilizar a réplica da embarcação do século XIX, uma das mais velozes do seu tempo, para recuperar a "importância e beleza" da navegação à vela em longas distâncias. "Vai ser possível comprovar a vantagem da vela como meio ambiental sustentável, mesmo para o transporte de carga", antevê o marinheiro que, no Shtandart, faz questão de "em 70 por cento das viagens" a navegar utilizando somente a força do vento.
Numa página do Facebook onde o projecto é apresentado, continua fixada a data de 1 de Fevereiro de 2017 para início da construção, para que o bota-abaixo possa ocorrer em 22 de Novembro de 2019, o dia da passagem dos 150 anos do lançamento ao mar do original. "É uma efeméride [o primeiro toque na água] que merecia ser assim celebrada", diz Martus, que não se compromete com a data inicial. O russo ainda procura angariar toda a verba necessária e há até uma campanha de recolha de fundos na Internet.
O sítio da construção não está escolhido e subentende-se que não faltarão interessados. Isto apesar de o russo continuar a garantir que "Vila do Conde é o local mais bem colocado para receber a construção". "Preciso de sentir que há interesse da comunidade e até do país", insiste Martus que, num apelo ao sentimento lusitano, enfatiza que durante um período da sua história (1895- 1922) o Cutty Sark esteve em mãos portuguesas, ostentando o nome Ferreira.
"Compete-nos criar condições para que isso aconteça. Pugnar para que a entrada do rio esteja boa, haja uma plataforma de acesso com capacidade e se necessário promover o entendimento entre os estaleiros para que todos possam colaborar num projeto que levaria muito longe o nome de Vila do Conde", refere Elisa Ferraz.
Nuno Barreto é mais comedido e até nem gosta muito de falar num assunto que "é prematuro", mas reconhece que além da injeção monetária a ter em conta, o projecto serviria "para incentivar a atividade e trazer gente nova" para a profissão, ainda que de outros países. "É algo que deve ser muito bem estudado", suaviza.
Se a ideia for avante, Vladimir gostava de ter no Cutty Sark 2 uma tripulação fixa de 17 elementos e outra variável de menos de duas dezenas de jovens que sentissem o prazer de viver num veleiro com 60 metros, quase o dobro da Shtandart. Essa ligação afetiva dos tripulantes às embarcações é algo que o comandante gosta de cativar mesmo quando os barcos estão em reparação. Mesmo agora, em Vila do Conde, lá estão quinze jovens a participarem nas tarefas de manutenção de velas, cordas, aposentos e outras partes do navio.
E isso não atrapalha o trabalho dos homens do estaleiro? "Pelo contrário, trocamos experiências com pessoas de terras onde se valoriza a construção naval", afiança Nuno Barreto que até Abril vai dirigir as operações. Na Shtandart, o pavimento do convés vai ser mudado, os compartimentos melhorados, as fissuras calafetadas e, é claro, o remate será feito com uma pintura. Para isso, vão ser retirados os três mastros (o principal tem 33 metros de altura) numa operação delicada para um navio com 33 metros de comprimento e 220 toneladas peso.