Consumo de antibióticos aumentou em 2015
Dados são apresentados nesta sexta-feira. O uso inadequado de antibióticos é um dos factores que mais contribui para a resistência antimicrobiana.
O consumo de antibióticos aumentou ligeiramente em Portugal no ano passado, tanto nos hospitais públicos como na comunidade, mas o país continua a surgir abaixo da média europeia. São dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) que vão ser explicitados em Lisboa, nesta sexta-feira, Dia Europeu do Antibiótico. O uso inadequado de antibióticos é um dos factores que mais contribui para a resistência antimicrobiana.
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O consumo de antibióticos aumentou ligeiramente em Portugal no ano passado, tanto nos hospitais públicos como na comunidade, mas o país continua a surgir abaixo da média europeia. São dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) que vão ser explicitados em Lisboa, nesta sexta-feira, Dia Europeu do Antibiótico. O uso inadequado de antibióticos é um dos factores que mais contribui para a resistência antimicrobiana.
Na União Europeia, a resistência aos antibióticos continuou a aumentar em 2015 no que se refere à maior parte dos microorganismos, sobretudo na Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenemes (classe de antibióticos de largo espectro), que passou de 6,2% em média, em 2012, para 8,1%, em 2015, adianta o ECDC numa nota enviada à imprensa. Portugal, com 3,4%, continua abaixo da média, mas a taxa está aumentar de ano para ano e subiu substancialmente face ao ano anterior (1,8%).
No ultimo relatório Portugal-Prevenção e Controlo de Infecções e de Resistência aos Antimicrobianos 2015, da Direcção-Geral da Saúde (DGS), avisava-se que, apesar da diminuição verificados nos últimos anos, os valores de resistência aos antimicrobianos continuavam elevados no país e apontava-se precisamente a Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenemes como uma das principais ameaças.
Este problema tem estado na ordem do dia devido aos sucessivos surtos da Klebsiella pneumoniae resistente a carbapenemes que ocorreram nos hospitais de Gaia, Coimbra e São João (Porto) e que fizeram seis vítimas mortais.
“Ainda temos tempo para travar esta onda”
Segundo os últimos dados do ECDC, no consumo de carbapenemes nos hospitais, apesar da diminuição verificada em 2015, continuamos também na segunda pior posição a seguir à Grécia. De resto, observa-se em Portugal uma redução das taxas de resistência em outros microorganismos multirresistentes, como Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), mas o país continua a aparecer a vermelho escuro no mapa no que a este último diz respeito.
“É preocupante observar-se a crescente resistência a antibióticos de última geração, mas ainda temos tempo para travar esta onda e assegurar que continuam eficazes. Sem antibióticos, podemos regressar à ‘era pré-antibiótico’, deixando de ser possíveis os transplantes de órgãos, a quimioterapia, os cuidados intensivos e outros procedimentos médicos”, alerta o ECDC.
A Comissão Europeia vai entretanto lançar um novo plano de acção para atacar este grave problema de saúde pública no próximo ano, anuncia o comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar Vytenis Andriukaitis, citado na nota de imprensa.
As infeçcões associadas aos cuidados de saúde e o aumento da resistência aos antimicrobianos são uma preocupação crescente em todo o mundo. Projecções internacionais para o ano de 2050 estimam que, se nada for feito entretanto, morrerão anualmente cerca de 390 mil pessoas na Europa e 10 milhões em todo o mundo, como consequência directa das resistências aos antimicrobianos.
Em Portugal, a probabilidade de um doente adquirir uma infecção que não tem que ver com a doença que determinou o internamento num hospital é elevada. O último estudo de prevalência de infecção associada aos cuidados de saúde data de 2012, ano em que se conclui que um em cada dez doentes (10,5%) contraiu uma infecção no hospital, quase o dobro da média europeia.
Além das mortes associadas a infecções hospitalares (4606 em 2013, segundo a DGS), há prolongamentos da estada hospitalar e custos anuais suplementares estimados em 300 milhões de euros (dados do Ministério da Saúde).