Países pobres queixam-se da falta de apoios para adaptação climática
Conversas sobre financiamento com poucos avanços na cimeira do clima da ONU.
As negociações de Marraquexe sobre o clima podem não resultar num reforço substancial de um financiamento internacional para ajudar países pobres a lidar com os diversos problemas associados às alterações climáticas.
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As negociações de Marraquexe sobre o clima podem não resultar num reforço substancial de um financiamento internacional para ajudar países pobres a lidar com os diversos problemas associados às alterações climáticas.
Segundo revelaram nesta quinta-feira vários participantes nos diálogos ministeriais da 22.ª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP22), que nesta sexta-feira termina na cidade marroquina, as conversações entre países não renderam nada de muito concreto além de algumas promessas de países europeus para fundos de adaptação.
Os países em desenvolvimento presentes em Marraquexe, onde se tenta levar para o terreno o estabelecido no histórico acordo de Paris de Dezembro de 2015, têm feito apelos consistentes por mais financiamento que os ajudem a ajustar-se às alterações climáticas, mas até agora esses apelos não têm obtido respostas positivas, segundo dizem os seus representantes.
Frank Bainimarama, primeiro-ministro das Fiji, nação-ilha do Oceano Pacífico, falou mesmo numa "nova era aterrorizante que enfrentamos por causa da mudança climática" depois que um forte ciclone ter arrasado este ano um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
“Fiji precisa ter acesso a financiamento para poder adaptar-se aos efeitos da mudança climática. Precisa de fortalecer as suas residências e infraestruturas, enterrar as linhas de energia e recolocar pessoas”, explicou.
Criticou o actual financiamento internacional para nações mais pobres se adequarem às pressões climáticas, classificando-o como "terrivelmente inadequado".
Em 2009, os países ricos prometeram 100 mil milhões de dólares por ano (cerca de 91,200 milhões de euros) a partir de 2020, para ajudar as nações em desenvolvimento a financiar a transição para energias limpas e a adaptar-se aos efeitos do aquecimento, de que são as primeiras vítimas.
Como defendido pelos países em desenvolvimento, o texto de Paris estabeleceu que a soma prevista é apenas “um tecto”. Um novo objectivo financeiro será definido em 2025.
Dos 100 mil milhões de dólares prometidos por ano até 2020, os países ricos comprometeram-se a duplicar o financiamento para acções de adaptação, mas o Programa Ambiental da ONU avaliou na semana passada as necessidades de adaptação e concluiu que são necessários entre 140 e 300 milhões de dólares por ano até 2030.
"Dobrar não basta", disse Lutz Weischer, do centro de estudos Germanwatch. "Temos que elevá-lo de forma muito mais agressiva."
Os países em desenvolvimento querem quadruplicar o fundo de adaptação em relação ao que está previsto e esperavam que os estados ricos respondessem a positivamente aos seus fortes enseios em Marrakesh, mas especialistas em finanças climáticas dizem que isso parece improvável.