Com um pé na banca e outro na política

De onde vem e por onde passou Paulo Macedo.

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Paulo Macedo foi ministro da Saúde de Passos Coelho josé sarmento matos

Foi aos 41 anos que Paulo Macedo saltou para as páginas dos jornais, em meados de 2004. Anónimo até então, o recém-nomeado director-geral das Contribuições e Impostos, escolhido pela ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, ganhou a alcunha de “senhor fisco” e passou a ser reconhecido pela generalidade dos portugueses. Essa notoriedade ganhou-a, num primeiro momento, por causa do salário chorudo de 23 480 mil euros mensais que o governo aceitou pagar-lhe e, num segundo, pela eficácia que demonstrou a cobrar impostos que até então eram assumidos como incobráveis.

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Foi aos 41 anos que Paulo Macedo saltou para as páginas dos jornais, em meados de 2004. Anónimo até então, o recém-nomeado director-geral das Contribuições e Impostos, escolhido pela ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite, ganhou a alcunha de “senhor fisco” e passou a ser reconhecido pela generalidade dos portugueses. Essa notoriedade ganhou-a, num primeiro momento, por causa do salário chorudo de 23 480 mil euros mensais que o governo aceitou pagar-lhe e, num segundo, pela eficácia que demonstrou a cobrar impostos que até então eram assumidos como incobráveis.

Apesar da polémica gerada por um vencimento muito acima do do Presidente da República, Paulo José Moita de Ribeiro de Macedo atravessou três governos, sobrevivendo a quatro ministros das Finanças. E, dez anos depois de ter surgido na cena pública, foi convidado por Francisco Pinto Balsemão para participar numa reunião do Grupo Bilderberg, onde a política e a banca (e os negócios em geral) conversam sem pudores e à escala internacional. Ele, que até é filho de comunista — o pai era o poeta e pintor ribatejano Moita Macedo (1930-1983)! É caso para dizer que há um antes e um depois na vida de Macedo: antes de ser “senhor fisco” e depois.

Antes, Paulo Macedo fez carreira na banca privada. Licenciou-se no Instituto Superior de Economia e Gestão, em Organização e Gestão de Empresas, e aí chegou a ser professor assistente. Mais tarde pós-graduou-se em Gestão Fiscal. Até entrar no Banco Comercial Português (mais tarde Millennium BCP), em 1993, foi consultor fiscal na Arthur Andersen e teve outros cargos relevantes. Nos anos 90, colaborou pela primeira vez com um Governo, integrando a Comissão para a Reforma Fiscal, liderada por Silva Lopes.

Mas foi depois de liderar a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos que se lembraram dele para ministro. Em 2011, Pedro Passos Coelho convidou-o para tutelar a pasta da Saúde. O seu nome chegou a circular para o Ministério das Finanças, mas Passos apostou em Vítor Gaspar e depois em Maria Luís Albuquerque. Macedo cumpriu todo o mandato e, quando o Governo chegou ao fim, voltou à sua vida profissional no sector privado.

Em finais de Agosto deste ano, o ex-governante foi indicado para administrador da seguradora Ocidental Vida, com a aprovação da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões. Pouco antes o seu nome havia sido falado para a Caixa Geral de Depósitos, mas o convite nunca veio a confirmar-se.

Paulo Macedo nasceu numa família que o próprio descreveu em entrevista à revista Visão como “de classe média, normal”, que “vivia em Queluz”. Eram cinco irmãos. 

Do catolicismo dos pais herdou uma certa religiosidade que o levou a mandar rezar uma missa quando foi empossado para a Direcção-Geral das Contribuições e Impostos. Do pai herdou ainda o gosto pela arte. O ex-ministro é coleccionador de pintura e de escultura.