Twitter suspende contas de membros do movimento extremista alt-right

Líder de centro nacionalista branco e outros são suspensos da rede social.

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Vários utilizadores ligados ao movimento da direita alternativa, que junta supremacistas brancos a outros extremistas, viram as suas contas no Twitter suspensas LEON NEAL/AFP

Quando cada vez mais vozes pedem que os membros da chamada alt-right (direita alternativa) sejam classificados como supremacistas brancos, a rede social Twitter suspendeu as contas de vários elementos associados a esta corrente norte-americana.

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Quando cada vez mais vozes pedem que os membros da chamada alt-right (direita alternativa) sejam classificados como supremacistas brancos, a rede social Twitter suspendeu as contas de vários elementos associados a esta corrente norte-americana.

Um deles foi Richard Spencer, o presidente de um “centro de estudos” que se dedica à “identidade e futuro dos povos de descendência europeia nos Estados Unidos”. O visado reagiu dizendo que se trata de "estalinismo" e "uma purga".

Na sequência da acção do Twitter, os suspensos começaram a usar outra rede social. Mas estão contrariados porque, dizia um elemento anónimo, a alternativa funciona sobretudo com pessoas que já estão convencidas daquelas ideias: “O benefício do Twitter é interagirmos com normies [termo pejorativo para pessoas que não partilham as suas ideias], influenciar a discussão e pôr memes a circular”. Os memes, geralmente imagens com frases humorísticas, são um dos principais modos para a alt-right espalhar a sua mensagem, segundo o jornal Los Angeles Times.

O grupo junta-se na sua oposição ao multiculturalismo, globalização e imigração, acreditando em raças e na superioridade da branca, sublinha o especialista em extrema-direita Cas Mudde.

Todas as políticas que dão benefícios a minorias são vistas como uma ameaça, assim como o feminismo – muitos elementos deste grupo dão muita importância a uma ideia de masculinidade, elogiando os homens “alfa” – como Trump – e desprezando os “beta”, os fracos, normalmente os que discordam deles ou defendem igualdade de géneros, ainda segundo o retrato do LA Times

Num artigo de opinião no Huffington Post, o professor de política Cas Mudde apelou a que os media parassem de usar a designação alt-right: “Não é nada mais que uma estratégia inteligente de um supremacista branco, que sabe que a sua ideologia é considerada inaceitável na sociedade de hoje”.

Mas já há quem questione quão inaceitável continuará a ser quando um dos principais conselheiros de Trump, Stephen Bannon, seja um homem ligado a este movimento.

Ironicamente, foi o ultra-conservador Glenn Beck, que foi um opositor de Trump desde que este se perfilou como possível candidato, quem veio criticar Bannon, dizendo que ele é “verdadeiramente assustador” porque dá voz a nacionalistas brancos. “Temos de discutir sobre este pequeno grupo de pessoas e como este nacionalismo europeu e pró-russo está a entrar no nosso país”, declarou Beck à CNN. Como comentava o site Daily Beast, é irónico ver Beck, uma das mais controversas figuras conservadoras (que chegou a chamar racista ao Presidente, Barack Obama), a tornar-se “uma das vozes mais sãs no campo conservador”.