A fisicalidade rock dos Preoccupations

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Abrir o velho canal de comunicação do rock

Não têm tido uma vida fácil os canadianos Matt Flegel e Mike Wallace. Ambos fizeram parte do grupo Women que entre 2008 e 2010 lançou dois álbuns com os quais alcançaram alguma visibilidade no Canadá e nos Estados Unidos. Dois anos depois o guitarrista do quarteto morreu acabando por impulsionar o fim do grupo. Foi então que formaram os Viet Cong, com os quais se estrearam o ano passado com um álbum homónimo que lhes granjeou culto, mas conflitos com a utilização do nome obrigou-os a uma nova mudança. Assim surgem os Preoccupations.

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Não têm tido uma vida fácil os canadianos Matt Flegel e Mike Wallace. Ambos fizeram parte do grupo Women que entre 2008 e 2010 lançou dois álbuns com os quais alcançaram alguma visibilidade no Canadá e nos Estados Unidos. Dois anos depois o guitarrista do quarteto morreu acabando por impulsionar o fim do grupo. Foi então que formaram os Viet Cong, com os quais se estrearam o ano passado com um álbum homónimo que lhes granjeou culto, mas conflitos com a utilização do nome obrigou-os a uma nova mudança. Assim surgem os Preoccupations.

Se os Viet Cong expunham um rock efervescente que não recusava a veia de transmissão do pós-punk, os Preoccupations enveredam pelo mesmo caminho, com a secção baixo-bateria em pulsação constante, as guitarras cortantes, os teclados criando uma atmosfera mais planante e uma voz dramática que faz lembrar por vezes a de Paul Banks dos americanos Interpol. Como as Savages ou os Protomartyr, para recorrermos a exemplos contemporâneos da filiação no pós-punk, os Preoccupations não têm exactamente uma revolução sónica para propor, mas também não se ficam pela réplica ou mera tentação nostálgica.

Claro que se vislumbram influências (dos The Wire aos Echo & The Bunnymen, dos Teardrop Explodes aos The Fall), mas em todas as canções existe tensão, nervo, uma urgência à flor da pele que é sempre inteligível, baralhando as expectativas mais imediatas. A relação com a memória é aqui concretizada de forma saudável, com o quarteto a abrir o velho canal de comunicação do rock, não esquecendo a história, mas não ficando presa a ela com culpa.

A maior parte das canções existe num equilíbrio nervoso onde ordem e descontrole integram a mesma matéria em bruto, transformada pelo grupo numa música tão física quanto catártica.