“Vamos mostrar o impacto real” da Airbnb nas rendas em Lisboa
Patrick Robinson, director de Políticas Públicas da Airbnb, não quer que crescimento do turismo em Portugal "crie problemas para os residentes".
Sentem-se pressionados em Lisboa a adoptar a regra de um apartamento por utilizador?
Não. Há um debate em curso e fazemos parte dele. Vamos mostrar através de dados concretos o impacto real. Veremos até onde o diálogo chega. Queremos que o turismo permaneça um factor de impulso do renascimento de Portugal e queremos garantir que isso acontece de uma forma responsável e não crie problemas para os residentes.
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Sentem-se pressionados em Lisboa a adoptar a regra de um apartamento por utilizador?
Não. Há um debate em curso e fazemos parte dele. Vamos mostrar através de dados concretos o impacto real. Veremos até onde o diálogo chega. Queremos que o turismo permaneça um factor de impulso do renascimento de Portugal e queremos garantir que isso acontece de uma forma responsável e não crie problemas para os residentes.
O Governo agravou os impostos sobre esta actividade e há quem esteja a pensar desistir. Já sentiram alguma queda no número de imóveis registados?
Até agora não. Penso que haverá sempre a discussão sobre quais são os impostos apropriados. Sabemos que é uma das questões que os nossos anfitriões enfrentam e iremos ajudá-los a cumprir com as suas obrigações. Mas não me cabe a mim dizer se os impostos são altos ou não.
Tende-se a confundir mercado imobiliário e serviço de alojamento turístico?
É difícil separar os dois negócios. No nosso caso, estamos a falar daquela linha onde os dois se fundem. Se uma pessoa vive nove meses numa casa e nos restantes três a aluga para fins turísticos é um retrato complexo. Se se tenta colocar as coisas em caixas demasiado apertadas nem sempre funciona bem. Por isso, precisamos de encontrar uma forma de acomodar turismo responsável e regulação imobiliária. Faz parte do desafio da economia de partilha: as linhas entre turismo e mercado imobiliário começam a esbater-se, a linha entre a actividade individual e as empresas começa a esbater-se.
Em termos concretos, o que é que faz? Reúne com as autoridades constantemente?
Temos várias estratégias para ajudar os governos a perceber como é a nossa comunidade. Os dados são uma parte importante, divulgamos muita informação no nosso site e partilhamos com as autoridades esses números para mostrar a dimensão da nossa comunidade, onde está, quanto dinheiro faz, qual o impacto económico nos seus bairros. Envolver os anfitriões e pô-los a contar as suas histórias é muito importante e é o que estamos a fazer neste momento em Berlim. Fizemos isso muito em Barcelona, em Londres, na Irlanda rural. Porque podem explicar os desafios que enfrentam e porque é que a Airbnb e o home sharing é tão importante para eles. Por vezes, sim, também entramos em negociação directa com os governos quando querem introduzir uma nova regra. Discutimos a taxa turística, como sucedeu aqui em Portugal. E também trabalhamos para encontrar outras organizações que estão interessadas no que fazemos e querem inovar. Estamos muito envolvidos com o movimento startup aqui em Portugal porque sabemos que cidades que procuram a inovação e querem atrair empreendedores são mais abertas.
Abertas a novos modelos de negócio?
Sim e o facto de o Web Summit se ter realizado aqui é prova disso. É uma cidade que fez uma decisão explícita de atrair talento tecnológico e startups e a Airbnb é parte disso. Cerca de 15 mil pessoas ficaram alojadas em Lisboa através da Airbnb, o que se traduz em 2,8 milhões de euros de encaixe para a cidade.
Quantas reuniões fez no último ano?
À volta do mundo? Nem me atrevo a adivinhar. Tenho uma pequena equipa de oito, nove pessoas na região. Serão centenas de reuniões. Porque algumas das regras de que estamos a fazer são nacionais, outras regionais, outros locais. E outras ainda menos que locais. Em Londres, a lei é nacional, mas depois há o mayor de Londres com quem precisamos de falar e mais 33 municípios. São muitas reuniões.