Filmin, ou o Netflix do cinema de autor
Plataforma espanhola de video-on-demand chega dia 16 a Portugal com um catálogo de 500 títulos de cinema independente de todo o mundo.
Chama-se Filmin e, a partir de 16 de Novembro, torna-se na primeira plataforma de VOD – video-on-demand – dedicada exclusivamente ao cinema clássico, independente, e de autor em Portugal. Apresentada à imprensa ao final da tarde desta terça-feira, a Filmin arranca com um catálogo de 500 títulos provenientes dos acervos das principais distribuidoras independentes portuguesas (entre as quais a Midas, a Alambique, a Cinemundo ou a Outsider) e de várias produtoras nacionais (como O Som e a Fúria, a Terratreme, a Filmes do Tejo e a Ukbar).
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Chama-se Filmin e, a partir de 16 de Novembro, torna-se na primeira plataforma de VOD – video-on-demand – dedicada exclusivamente ao cinema clássico, independente, e de autor em Portugal. Apresentada à imprensa ao final da tarde desta terça-feira, a Filmin arranca com um catálogo de 500 títulos provenientes dos acervos das principais distribuidoras independentes portuguesas (entre as quais a Midas, a Alambique, a Cinemundo ou a Outsider) e de várias produtoras nacionais (como O Som e a Fúria, a Terratreme, a Filmes do Tejo e a Ukbar).
Os primeiros títulos incluem obras portuguesas como Cartas da Guerra de Ivo M. Ferreira, Sangue do Meu Sangue de João Canijo e As Mil e Uma Noites e Meu Querido Mês de Agosto de Miguel Gomes, mas também filmes de Jean-Luc Godard, Federico Fellini, Luchino Visconti, Ettore Scola, Victor Erice, Pablo Larraín, Sérgio Tréfaut, Jafar Panahi, Asghar Farhadi ou Apichatpong Weerasethakul, e o serviço promete expandir rapidamente o catálogo ao longo dos próximos meses.
Trata-se da primeira abertura europeia da plataforma criada em Espanha em 2008, nascida da associação de um grupo de produtores e distribuidores independentes para disponibilizar em streaming os seus acervos. Portugal é o terceiro mercado onde a Filmin é lançada, a seguir a Espanha e ao México, mas os catálogos de cada território são autónomos, e não apenas por questões contratuais, como explica ao PÚBLICO a equipa dirigida por Stefano Savio, Adriano Smaldone e Anette Dusijin (igualmente responsáveis pela 8 ½ Festa do Cinema Italiano). “Os filmes não são simplesmente carregados na plataforma. Há uma atenção ao que se passa ao nosso redor”, explica Smaldone. Exemplo disso é, nesta fase inicial, uma secção dedicada a filmes dirigidos por Jim Jarmusch (cujo documentário sobre os Stooges, Gimme Danger, chega quinta-feira ao nosso país) que inclui clássicos como Down by Law ou Stranger than Paradise, e outra com filmes interpretados por Isabelle Huppert (a propósito da estreia em sala de Ela, de Paul Verhoeven), como O Que Está por Vir ou Cativos.
Uma das lacunas que a Filmin se propõe preencher tem a ver com a quase inexistência de cinema clássico nos actuais serviços de VOD e cabo (mesmo que nesta fase inicial a grande maioria do catálogo ainda seja composta por obras recentes); uma série de títulos do cineasta italiano Luchino Visconti são algumas das primeiras disponibilizações do serviço. Uma outra é permitir o acesso a muitos destes filmes em todo o país, e não apenas nos grandes centros urbanos aos quais estavam até agora limitados. Stefano Savio define a Filmin “como uma sala de cinema ou um festival”, programando a sua selecção de acordo com os catálogos disponíveis e articulando-se com os múltiplos festivais de cinema existentes em Portugal e no estrangeiro. Já a bordo estão a Monstra, o Queer Lisboa e naturalmente a Festa do Cinema Italiano; a equipa tem já acordos com certames internacionais, no caso o festival de Roterdão e o My French Film Festival (equivalente online da Festa do Cinema Francês), e há conversas encetadas com o Motelx e o Indielisboa.
A aposta da Filmin no cinema de autor não se resume às produções europeias ou aos pequenos distribuidores – como Adriano Smaldone diz, “tanto queremos ter Béla Tarr como Woody Allen”, e para esse efeito o serviço está em conversações com a NOS e a Big Picture para disponibilizar títulos independentes anglo-americanos, bem como muito do cinema português clássico pertencente àquelas distribuidoras. “Para eles há também interesse em disponibilizar filmes específicos num serviço como este”, nas palavras do responsável, que avança igualmente existirem negociações com a Leopardo de Paulo Branco e a Pris.
Numa primeira fase, a Filmin estará disponível exclusivamente através da Internet, com acesso através do computador (no endereço www.filmin.pt) ou de aplicações específicas para smartphones e tablets (tanto Android como iOS). O serviço propõe uma assinatura mensal no valor de € 6,95 que permite aceder a todo o catálogo - à excepção das novidades "premium", adquiridas separadamente ou em “pacotes” suplementares à assinatura mensal. Os filmes poderão também ser alugados individualmente em modo “video-clube” por um período de 72 horas, com preços entre os € 1,95 e os € 3,95. Até ao final do ano, a plataforma estará também disponível directamente nos televisores através de uma app Smart TV.