Susan Palma-Nidel, uma paixão pela música portuguesa em Lisboa Íntima

Consagrada flautista norte-americana gravou em Portugal com Carlos do Carmo, Né Ladeiras, Ivan Lins e Júlio Pereira.

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Pode uma visita de circunstância levar a um disco com grandes músicos? Pode, e o caso de Lisboa Íntima é um bom exemplo disso. Em 2014, a flautista Susan Palma-Nidel (da Orpheus Chamber Orchestra) e o seu marido, o advogado e produtor Richard O. Nidel, passaram uma semana em Lisboa depois de um casamento nas Canárias. Levaram-nos à livraria Ler Devagar, em Alcântara, eles adoraram o espaço, compraram muitos discos, e ouviram-nos no regresso a Nova Iorque . Susan explica: “Temos uma colecção de discos de todo o mundo, começámos a ouvir discos portugueses e a maravilhar-nos com o que ouvíamos: o que é isto?”. Richard já tinha dado a conhecer a Susan muitos nomes da música brasileira e ela gravou, em 2012, o disco Elegante, com músicos como Branford Marsalis e Ivan Lins. E foi Ivan Lins que sugeriu a Carlos do Carmo que contactasse Richard, quando estivesse em Nova Iorque. Ora Susan e Richard tinham adorado os discos de Carlos do Carmo que compraram em Lisboa e as peças do puzzle começaram a juntar-se. “Soubemos que eles eram amigos há muitos anos mas nunca tinham gravado em conjunto, então desafiámo-los a fazer isso, connosco, aqui em Lisboa.”

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Pode uma visita de circunstância levar a um disco com grandes músicos? Pode, e o caso de Lisboa Íntima é um bom exemplo disso. Em 2014, a flautista Susan Palma-Nidel (da Orpheus Chamber Orchestra) e o seu marido, o advogado e produtor Richard O. Nidel, passaram uma semana em Lisboa depois de um casamento nas Canárias. Levaram-nos à livraria Ler Devagar, em Alcântara, eles adoraram o espaço, compraram muitos discos, e ouviram-nos no regresso a Nova Iorque . Susan explica: “Temos uma colecção de discos de todo o mundo, começámos a ouvir discos portugueses e a maravilhar-nos com o que ouvíamos: o que é isto?”. Richard já tinha dado a conhecer a Susan muitos nomes da música brasileira e ela gravou, em 2012, o disco Elegante, com músicos como Branford Marsalis e Ivan Lins. E foi Ivan Lins que sugeriu a Carlos do Carmo que contactasse Richard, quando estivesse em Nova Iorque. Ora Susan e Richard tinham adorado os discos de Carlos do Carmo que compraram em Lisboa e as peças do puzzle começaram a juntar-se. “Soubemos que eles eram amigos há muitos anos mas nunca tinham gravado em conjunto, então desafiámo-los a fazer isso, connosco, aqui em Lisboa.”

E foi como a história da sopa da pedra. O que começou por ser apenas um dueto inédito transformou-se num disco apaixonado, com um lote extraordinário de músicos: Né Ladeiras, Júlio Pereira, José Manuel Neto, Pedro Jóia, Carlos Barretto, Ruca Rebordão, Carlos Manuel Proença, Mário Delgado, Miguel Veras, João Moreira, Nuno Abreu. “Né é uma cantora maravilhosa”, diz Susan. “Soubemos que ela já deixara de cantar há vários anos, encontrámo-la, contactámo-la, e ela acabou por concordar em gravar. Tornámo-nos muito amigas, até nos tratamos por irmãs.” No disco ela canta Ó que estriga tenho na roca e José embala o menino, temas populares de Trás-os-Montes e da Beira Baixa. Mas também há temas de Amália (Alfama), Carlos Paredes (Verdes anos), Júlio Pereira (Ler Devagar), Ivan Lins (Iluminados) e José Mário Branco (Fado ultramar, com música de Ivan Lins, que ele e Carlos do Carmo cantam no disco). A produção e os arranjos são do multifacetado Robert Sadin, vencedor de três Grammys, ficando a produção executiva a cargo de Richard O. Nidel, co-mentor deste trabalho.

“É muito interessante que um país pequeno tenha tantas regiões e tão interessantes géneros musicais nessas regiões, para além do fado. E eu gosto de todos eles!”, diz Susan. A passagem da música clássica para a popular tem sido para ela um estímulo. “Há muitas semelhanças. Há, em ambas, sons e harmonias que nos tocam o coração. Quando conheci Pablo Ziegler, pianista de [Astor] Piazzolla durante dez anos, tornámo-nos amigos, ele compôs para a Orpheus peças de tango-jazz e eu fui percebendo o quanto me agradava a liberdade de poder ir além dos limites da música clássica.” Depois de Elegante, Lisboa Íntima é outro passo nesse caminho, que não a aparta do território onde ela ganhou notoriedade e prestígio à escala mundial. Richard diz: “Este foi um trabalho de amor e uma experiência fantástica. Adorámos a cidade, fizemos muitos amigos aqui.” Susan completa: “Há quem me pergunte: porque não, por exemplo, um Coimbra Íntima? Ou um Porto Íntimo? Isto é apenas um começo. Há muito para fazer ainda.”