Localizados mais de 750 mil objectos a boiar na costa portuguesa
Vários tipos de plásticos, cabos e linhas de pesca são os resíduos que mais levantam preocupações, porque são muito persistentes na natureza.
O primeiro estudo sobre o lixo que flutua no mar português, realizado por uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro (UA), registou mais de 750 mil objectos a boiar, revelou nesta quinta-feira fonte académica.
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O primeiro estudo sobre o lixo que flutua no mar português, realizado por uma equipa de biólogos da Universidade de Aveiro (UA), registou mais de 750 mil objectos a boiar, revelou nesta quinta-feira fonte académica.
O estudo, centrado apenas no lixo com mais de dois centímetros de comprimento e realizado em quase toda a Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa, coloca as águas portuguesas na “lista negra” das mais poluídas, tanto mais que o lixo que boia à superfície do mar corresponde apenas a uma pequena parte do que está debaixo de água.
A recolha de dados foi efectuada no Verão de 2011 por vários observadores, durante a campanha oceânica a bordo da embarcação Santa Maria Manuela, no âmbito do projecto LIFE+ MarPro, coordenado pela Universidade de Aveiro. Os dados que agora começam a ser publicados correspondem à área entre as 50 e as 220 milhas náuticas, abrangendo assim grande parte da ZEE portuguesa.
Com o registo total de 752.740 objectos e uma densidade média de detritos marinhos flutuantes de 2,98 itens por cada quilómetro quadrado, os valores registados na ZEE nacional são similares aos de estudos realizados, por exemplo, no mar do Norte, nas águas costeiras do Japão e na Península Antárctica.
De acordo com Sara Sá, investigadora responsável pelo estudo do Departamento de Biologia (DBio) da Universidade de Aveiro, entre os materiais encontrados, os plásticos dominam (e, dentro destes, destaca-se a esferovite), seguindo-se restos de materiais de pesca, papel, cartão e pedaços de madeira, a maioria com dimensões compreendidas entre os dez centímetros e um metro. “Incluíam vários tipos de plásticos, cabos e linhas de pesca, sendo, por isso, material bastante resistente e persistente, podendo flutuar por longos períodos de tempo”, explicou.
Foi no Norte da Zona Económica Exclusiva que a equipa encontrou maior diversidade e abundância de lixo, resultado que a investigadora crê estar relacionado com o elevado número de corredores de navegação e embarcações de pesca a operar nessa zona, as quais podem representar importantes fontes de lixo flutuante nas águas oceânicas mais profundas.