Após vitória de Trump, republicanos dominam os três ramos do poder
Pertence a Donald Trump a vitória do Partido Republicano no Senado e na Câmara dos Representantes. O destino das duas bancadas conservadoras do Congresso estava dependente da coligação eleitoral que o concorrente à Presidência fosse capaz de montar em torno da sua candidatura presidencial e do seu entusiasmo e participação na votação de terça-feira. E foi a “maioria silenciosa” que foi às urnas por Trump que entregou aos republicanos o poder executivo que ameaçava escapar-lhes pelo terceiro ciclo consecutivo, solidificou o seu controlo do órgão legislativo e abriu a porta ao domínio do judicial – de uma penada, o candidato que pôs em causa toda a ortodoxia e tradição do partido deu-lhe de bandeja os três ramos do poder.
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Pertence a Donald Trump a vitória do Partido Republicano no Senado e na Câmara dos Representantes. O destino das duas bancadas conservadoras do Congresso estava dependente da coligação eleitoral que o concorrente à Presidência fosse capaz de montar em torno da sua candidatura presidencial e do seu entusiasmo e participação na votação de terça-feira. E foi a “maioria silenciosa” que foi às urnas por Trump que entregou aos republicanos o poder executivo que ameaçava escapar-lhes pelo terceiro ciclo consecutivo, solidificou o seu controlo do órgão legislativo e abriu a porta ao domínio do judicial – de uma penada, o candidato que pôs em causa toda a ortodoxia e tradição do partido deu-lhe de bandeja os três ramos do poder.
Durante meses, os candidatos republicanos a lugares no Senado e Câmara de Representantes tiveram de fazer malabarismos e caminhar sobre arames para não se deixar contaminar pela aura negativa e as críticas ferozes dirigidas contra o cabeça-de-cartaz do seu partido. Para uma boa parte deles, a mistura de populismo/nacionalismo/autoritarismo do discurso e da plataforma política de Donald Trump punha seriamente em causa as suas perspectivas eleitorais (e nalguns casos, as suas convicções pessoais). Alguns resistiram abertamente, outros de forma mais encapotada; muitos insistiram que nunca veriam Trump como um membro legítimo do seu partido, mas ao mesmo tempo houve quem aderisse entusiasticamente ao seu movimento.
A surpreendente vitória presidencial do magnata e estrela da reality tv acabou por beneficiar todos estes republicanos, que graças à abertura do mapa eleitoral conseguiram (em todos os casos menos um) reeleger os seus senadores em territórios que se adivinhavam hostis: estados “oscilantes” e que as sondagens sugeriam estar inclinados para os democratas. A fúria anti-sistema que o concorrente presidencial soube alimentar entre os seus apoiantes para vencer Hillary Clinton não se transferiu para as restantes corridas: os republicanos, que estavam em sérios riscos de perder seis assentos na câmara alta, e assim passar para a minoria, só perderam um (o resultado final: 51 republicanos e 47 democratas). Na câmara baixa, houve algumas baixas, mas ainda assim a maioria é confortável: 236 republicanos para 191 democratas.
“Não posso deixar de dar os parabéns a Donald Trump pela sua incrível vitória, que assinala o repúdio do status quo das falhadas políticas liberais e progressistas”, declarou o Speaker do Congresso, Paul Ryan, ignorando que o status quo é a maioria que ele próprio comanda no Capitólio.
Em Janeiro de 2017, com maior ou menor boa-vontade, todos estes legisladores serão aliados políticos de Donald Trump. O futuro Presidente sabe que foi o facto de correr pelo Partido Republicano que lhe permitiu ser eleito, mas também sabe que ao ganhar se tornou o rosto do Partido Republicano. “Estamos desejosos de poder começar a trabalhar em colaboração com a nova Administração para desenvolver a nossa agenda para melhorar a vida do povo americano”, revelou Ryan, esquecendo que o mais provável é que Donald Trump (que alegadamente gosta de alimentar rancores) o continue a tratar com desdém.
Terão uma agenda carregada, a acreditar que atacarão toda a lista de promessas que fizeram aos eleitores: há que produzir legislação para suspender e substituir o programa de saúde conhecido como Obamacare; reescrever o código fiscal para cortar importos às empresas e aos contribuintes; dar luz verde à construção do muro na fronteira do México e outros projectos de infraestruturas; denunciar os acordos de comércio internacional e de combate às alterações climáticas e lançar as novas regras para impedir a entrada de imigrantes nos Estados Unidos.