Uma investigação familiar abre as portas ao passado
A Toca do Lobo é uma aproximação pessoal e documental à lógica, quase onírica, do melodrama. O melhor filme de Catarina Mourão desde A Dama de Chandor.
Uma investigação familiar que é, em primeiro lugar, um belo exercício sobre a “materialização” da memória (encontrada em objectos, documentos, fotos, filmes trazidos para dentro do filme) e o confronto com a sua “verbalização” (a voz off da realizadora, e sobretudo a presença da sua mãe).
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Uma investigação familiar que é, em primeiro lugar, um belo exercício sobre a “materialização” da memória (encontrada em objectos, documentos, fotos, filmes trazidos para dentro do filme) e o confronto com a sua “verbalização” (a voz off da realizadora, e sobretudo a presença da sua mãe).
É pelo encadeamento destes elementos, pela “textura” assim criada, que A Toca do Lobo adquire uma dimensão cinematográfica sólida, palpável, material. Mas depois há o mistério, o buraco criado por essa memória, como um movimento do particular para o geral, do pessoal para o colectivo, a criar também uma relação com a História – e é aí que A Toca do Lobo se completa.
Pensamos, e só será estranho para quem não vir o filme, naqueles “melodramas sombrios” da Hollywood antiga, onde objectos, tantas vezes um quadro ou um retrato, era a porta para um passado que regressava em vagas fantasmáticas e inexplicadas: A Toca do Lobo é uma aproximação pessoal e documental à lógica, quase onírica, desse melodrama, e porventura o melhor filme de Catarina Mourão desde A Dama de Chandor.