Pedro Dias diz-se inocente e entrega-se à polícia em Arouca
RTP mostrou detenção em directo. "Piloto" deverá ser interrogado nesta quarta-feira.
Pedro Dias entregou-se à Polícia Judiciária nesta terça-feira à noite em Arouca, numa detenção filmada em directo pela RTP3. O homem suspeito de ter matado um militar da GNR e um civil estava fugido às autoridades desde 11 de Outubro.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Pedro Dias entregou-se à Polícia Judiciária nesta terça-feira à noite em Arouca, numa detenção filmada em directo pela RTP3. O homem suspeito de ter matado um militar da GNR e um civil estava fugido às autoridades desde 11 de Outubro.
A advogada que representa Pedro Dias, Mónica Quintela, telefonou na noite desta terça-feira para o director nacional da PJ, Almeida Rodrigues, para o informar da intenção do seu cliente de se entregar à PJ. O telefonema acordou Almeida Rodrigues, que se encontra na Indonésia (onde é de madrugada) a participar na assembleia geral da Interpol.
Como a PJ mantinha pessoal ligado à vigilância do suspeito em Arouca, numa questão de minutos, a entrega concretizou-se.
Antes de falar com Almeida Rodrigues, contou Mónica Quintela ao PÚBLICO, foram contactados Sandra Felgueiras e um jornalista do Diário de Coimbra. “Estávamos com medo que houvesse problemas na entrega de Pedro Dias, tínhamos que garantir a sua absoluta segurança”, disse a advogada, que explicou que disse aos jornalistas apenas que precisava falar com eles, tendo marcando encontro em Arouca, na casa onde acabariam por encontrar Dias. O suspeito só deverá ser presente a um tribunal na quarta-feira. Nesta terça-feira à noite, depois de ser levado em directo da casa de Arouca (a casa de uma pessoa amiga da família, segundo Mónica Quintela), foi para o departamento de investigação criminal da Guarda da PJ.
Antes de ser detido, Pedro Dias deu uma entrevista à jornalista Sandra Felgueiras, em que alegou ser inocente e em que, segundo o relato da jornalista, disse que se entrega às autoridades porque não quer ser fugitivo para o resto da vida.
“Mal cheguei ao alto da Serra da Freita, fui recebido com uma salva de tiros de G3. E a partir daí fui perseguido como um animal", disse Pedro Dias, num excerto da entrevista divulgada pela RTP.
Nesta entrevista, Pedro Dias recusou assumir a autoria dos dois homicídios - "de maneira nenhuma" - e disse que "o senhor agente da GNR terá certamente mais a dizer".
Na entrevista que deu à RTP, Pedro Dias disse que durante este tempo dormiu em casas abandonadas e chegou até a atravessar o rio Douro a nado. No final da semana, decidiu que se entregaria nesta terça-feira ao fim da tarde. Fez chegar a um familiar um bilhete anunciando isso mesmo. “Disse que não queria ser morto”, contou a jornalista Sandra Felgueiras em directo de Arouca, e por isso a RTP foi chamada à morada indicada por Pedro Dias.
Ainda segundo o relato de Sandra Felgueiras, Pedro Dias afirmou que tentou entregar-se várias vezes, mas sentia que não havia condições de segurança para o efeito. “Piloto”, como é conhecido, garante que não saiu de Portugal nestas quatro semanas em que foi perseguido pelas autoridades.
Pedro Dias, contou ainda a jornalista da RTP, garante que neste tempo em que esteve fugido sobreviveu com 60 euros.
“Piloto” garantiu, segundo a RTP, que tudo não passou de um mal-entendido e que Portugal assistiu nas últimas semanas à prova viva de que não vivemos num Estado de direito, onde as polícias são capazes de avaliar quem é culpado.
Ainda falou com a mulher ao telefone, antes de ser levado.
Pedro Dias alegou também à RTP que recebeu uma chamada no dia seguinte aos acontecimentos de Aguiar da Beira de um sargento da GNR a dizer que ia ser morto. Decidiu então que não podia regressar a casa. Tentou arranjar abrigo para pensar no que iria fazer.
O major Bruno Marques disse ao PÚBLICO que a GNR desconhecia que Pedro Dias pretendia entregar-se. O porta-voz do Comando Geral da GNR explica que o suspeito se entregou à Polícia Judiciária, pelo que não tem detalhes sobre o caso.
Conhecido como “Piloto”, Pedro Dias estava desaparecido desde 11 de Outubro, dia em que dois militares da GNR foram alvejados em Aguiar da Beira. Um morreu e outro ficou ferido. Na mesma madrugada, um casal foi igualmente alvejado: o homem morreu e a mulher ficou gravemente ferida, em São Pedro do Sul, distrito de Viseu.
Entre o belo e o monstro, as duas faces do homem mais procurado de Portugal
Perícia psiquiátrica feita ao suspeito há uns anos aponta para sociopatia