A startup que não queria ir à Web Summit e acabou a ganhar um prémio
Em 2014, a Codacy foi distinguida na competição de pitches. Mas o fundador esteve para não ir ao evento.
Há dois anos, Jaime Jorge, fundador de uma startup chamada Codacy, não estava sequer inclinado para gastar o dinheiro na viagem até Dublin e ir à Web Summit. Acabou por mudar de ideias, apanhou o avião e saiu de lá como vencedor da competição de pitches (ou apresentações) – um feito que lhe valeu a atenção de alguma influente imprensa especializada e um momento de fama em palco, frente a uma enorme plateia de potenciais investidores e clientes.
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Há dois anos, Jaime Jorge, fundador de uma startup chamada Codacy, não estava sequer inclinado para gastar o dinheiro na viagem até Dublin e ir à Web Summit. Acabou por mudar de ideias, apanhou o avião e saiu de lá como vencedor da competição de pitches (ou apresentações) – um feito que lhe valeu a atenção de alguma influente imprensa especializada e um momento de fama em palco, frente a uma enorme plateia de potenciais investidores e clientes.
“Inicialmente, nem queria ter ido”, recorda Jaime Jorge, que este ano fará parte de um dos painéis de abertura do evento e que se tornou um dos rostos conhecidos da recente vaga de empreendedorismo tecnológico em Portugal. Foi a ideia de atrair clientes que ditou na altura a alteração de planos. “Descobrimos que as pessoas que vão à Web Summit têm muito em comum com o nosso cliente: são engenheiros, empresas de base tecnológica, fazem software, são um óptimo alvo."
A Codacy vende um serviço que detecta automaticamente erros e outras falhas em código informático. A ideia surgiu quando Jaime Jorge fazia a tese de mestrado, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa. Os primeiros passos da empresa (que começou por se chamar Qamine) foram dados na incubadora Startup Lisboa. Daí, Jorge seguiu para o Reino Unido, depois de ter conseguido investimento do conhecido fundo londrino Seedcamp. Hoje, a Codacy emprega 16 pessoas e entre os clientes estão empresas como o PayPal e a Adobe.
Em 2014, quando a Codacy ganhou a competição, a Web Summit ia na quarta edição e já era um evento de grandes dimensões, com cerca de 22 mil pessoas e uma lista de oradores de renome, como o fundador do Twitter Jack Dorsey e o empresário Elon Musk, criador dos automóveis Tesla. Naquela ida a Dublin, a Codacy tinha uma “missão bem delineada”, que nada tinha a ver com concursos: aproveitar o evento para mostrar o produto, “puxar clientes, e distribuir e receber cartões de visita", que é uma actividade frequente neste tipo de eventos. A missão foi cumprida: “Alguns dos clientes que nos pagaram bom dinheiro, foram clientes da Web Summit,” afirma Jaime Jorge.
Já a participação no concurso de pitch (em que as startups concorrentes fazem uma curta apresentação frente a um júri) não fazia parte dos planos. “Quando nos propuseram, disse ‘não quero, quero estar a falar com clientes’”, diz o fundador da Codacy. E, por lapso, acabaram por participar na categoria errada, competindo com startups numa fase mais madura e com mais investimento. Os vencedores recebiam dez mil euros e um encontro com executivos da Coca-Cola. “Pensando duas vezes, fez imenso sentido, para mostrar produto”, reconhece.