Combatentes apoiados pelos EUA anunciam início de ofensiva contra Raqqa
Responsável americano explica que, numa primeira fase, operações visam isolar a cidade que os jihadistas proclamaram como capital.
As Forças Democráticas da Síria (SDF), uma coligação que junta a guerrilha curda e rebeldes árabes sírios apoiados pelos Estados Unidos, anunciou neste domingo o início da operação contra Raqqa, a cidade no Leste da Síria a que autoproclamado Estado Islâmico chama sua capital. É a segunda frente aberta na ofensiva contra os jihadistas, num momento em que o assalto a Mossul está ainda na sua fase inicial.
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As Forças Democráticas da Síria (SDF), uma coligação que junta a guerrilha curda e rebeldes árabes sírios apoiados pelos Estados Unidos, anunciou neste domingo o início da operação contra Raqqa, a cidade no Leste da Síria a que autoproclamado Estado Islâmico chama sua capital. É a segunda frente aberta na ofensiva contra os jihadistas, num momento em que o assalto a Mossul está ainda na sua fase inicial.
Ouvido pela AFP, um responsável norte-americano explicou que não se trata ainda de tentar entrar na cidade, controlada pelos radicais islâmicos desde Agosto de 2013. “Num primeiro momento vamos esforçar-nos por isolar Raqqa, a fim de preparar o assalto para libertar a cidade”, explicou.
Pouco antes, numa conferência de imprensa realizada em Ain Issa, a cerca de 50 quilómetros do bastião dos jihadistas, Jehan Sheikh Ahmad, uma das porta-vozes das SDF era mais peremptória, anunciando “o abençoado início da grande campanha militar para libertar Raqqa e os seus arredores”.
As SDF, um grupo que integra cerca de 30 mil combatentes, dois terços dos quais pertencentes às forças curdas sírias do YPG (Unidades de Protecção do Povo), têm feito vários avanços na faixa de território que separa a fronteira com a Turquia de Raqqa, a começar, em Agosto, pela reconquista de Manbij, cidade estratégica na rota que os jihadistas usavam para se abastecer de armas e combatentes no país vizinho.
O grupo, que recebeu treino, armamento e conta com o apoio em terra de conselheiros militares americanos, é considerado pela coligação internacional como a força mais capaz para lutar contra os jihadistas em território sírio. Mas o protagonismo desta força é um espinho na garganta da Turquia, que classifica o YPG como “grupo terrorista” e receia que a ofensiva contra os jihadistas seja aproveitada pelos curdos para se apropriarem de toda a faixa de território a sul da fronteira. Um receio na origem da ofensiva transfronteiriça lançada em Agosto pelo Exército turco, prometendo lutar “com igual determinação” contra os jihadistas e os combatentes curdos.
Ao anunciar a ofensiva, as SDF disseram que os EUA tinham obtido garantias de que “não haveria nenhum envolvimento turco nem dos rebeldes [sírios] seus aliados nesta ofensiva”. Uma condição que dificilmente será aceite por Ancara, que já fez saber a Washington que não aceita que os curdos entrem em Raqqa, cidade árabe sunita. Certo é que, no mesmo momento em que a ofensiva era lançada, chegava à capital da Turquia o chefe do Estado-Maior norte-americano, Joseph Dunford, para discutir com o homólogo a coordenação das operações militares dos dois países na Síria.
Desde o início da operação para libertar Mossul – a segunda maior cidade do Iraque e, de longe, o maior centro urbano sob controlo dos jihadistas –, que vários responsáveis da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos insistiam que era preciso avançar, em simultâneo, contra Raqqa, a fim de evitar que os jihadistas em fuga do Iraque se reagrupassem e preparassem ali novos ataques terroristas contra alvos ocidentais.
“Temos que avançar para Raqqa”, disse neste domingo à rádio Europe 1 o ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, explicando que as duas maiores cidades que os jihadistas ocupam, na Síria e no Iraque, “não podem ser dissociadas”.
Mas a realização em simultâneo das duas ofensivas obrigará a uma maior coordenação, arriscando também uma dispersão de meios, sobretudo porque, quer as SDF, quer as várias forças que avançam para Mossul, dependem em grande parte do apoio aéreo da coligação internacional.