TAP perde lugar para a Easyjet com redução de oferta no Porto
Companhia é agora a terceira maior do aeroporto Francisco Sá Carneiro em termos de passageiros transportados. Em Lisboa continua a perder terreno para as low cost.
A redução da oferta da TAP no Porto não demorou a fazer-se sentir no mercado. As mais recentes estatísticas de tráfego mostram que perdeu o primeiro lugar, em termos de número de voos, para a Ryanair e que é agora a terceira maior no que toca à quantidade de passageiros transportados, tendo sido ultrapassada pela primeira vez neste campo pela Easyjet. Por Lisboa, também continua a perder terreno para as rivais low cost.
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A redução da oferta da TAP no Porto não demorou a fazer-se sentir no mercado. As mais recentes estatísticas de tráfego mostram que perdeu o primeiro lugar, em termos de número de voos, para a Ryanair e que é agora a terceira maior no que toca à quantidade de passageiros transportados, tendo sido ultrapassada pela primeira vez neste campo pela Easyjet. Por Lisboa, também continua a perder terreno para as rivais low cost.
O boletim publicado pela Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), relativo ao trimestre entre Julho e Setembro, mostra que, no aeroporto Francisco Sá Carneiro, a Ryanair reforçou a sua liderança, com 27% dos movimentos. O patamar é igual ao que registava no mesmo período de 2015, mas a diferença é que, nessa altura, a TAP tinha uma quota de 30%. Agora, a companhia de aviação nacional desceu para os 25% e perdeu o primeiro lugar do ranking – algo inédito desde que o regulador começou a divulgar estes dados, em 2009.
Ao mesmo tempo, no que diz respeito ao tráfego de passageiros, a transportadora aérea portuguesa perdeu a segunda posição para a Easyjet. Já desde 2011 que a TAP cedeu a liderança neste segmento à Ryanair (hoje com uma quota de 36%), mas, apesar das quedas que tem protagonizado desde então, tinha mantido o seu segundo lugar intacto até agora. No entanto, as estatísticas da ANAC revelam que, durante os três meses em análise, a Easyjet passou a controlar 17% do mercado, enquanto a companhia nacional baixou para apenas 13%.
Esta transportadora de baixo custo de origem britânica já vinha a ameaçar o estatuto da TAP há algum tempo. No terceiro trimestre de 2015 registava uma quota de 15%, a apenas quatro pontos percentuais de distância da portuguesa. Mas, se se recuar a 2009, a distância entre as duas empresas era enorme: a Easyjet controlava apenas 9% do tráfego, enquanto a TAP chegava aos 37%. Dois anos mais tarde, a Ryanair surgia como primeira classificada, com uma quota de 35% – já sete pontos acima da companhia de aviação nacional.
Menos voos e uma ponte
A investida das low cost no aeroporto Francisco Sá Carneiro foi sempre mais intensa do que a registada noutros pontos do país, muito pelo facto de, a partir das bases que instalaram no Porto, terem vindo a alargar significativamente a oferta, sustentadas em parte por programas de incentivos à abertura de novas rotas. Benefícios esses a que a TAP quase não teve direito, por se dedicar sobretudo ao reforço e não ao lançamento de novos voos, independentemente da relevância dos destinos que cobre. Além deste desequilíbrio, é de notar que os valores pagos à Ryanair e à Easyjet nunca foram revelados, apesar das insistências nomeadamente do PÚBLICO.
A primazia das companhias de baixo custo tornou-se ainda mais premente este ano, com a estratégia seguida pela transportadora aérea nacional desde que foi privatizada e ficou sob os comandos do consórcio Atlantic Gateway (dos sócios Humberto Pedrosa e David Neeleman). A empresa cancelou um conjunto importante de rotas e de número de frequências, argumentando que eram deficitários, com base em cálculos que apontavam para prejuízos superiores a oito milhões de euros.
Sob forte contestação, especialmente vinda do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, a TAP anunciou também a abertura de uma ponte aérea entre a cidade e Lisboa, com voos praticamente de hora em hora. Os últimos dados sobre os resultados destas ligações, que ajudam a escoar os passageiros em voos de transferência para outros destinos, mostravam que, no primeiro semestre de existência, a ponte aérea transportou 395 mil passageiros, contra os 208 mil transportados no período homólogo. Tratou-se de uma evolução de 89%, de acordo a informação citada pelo Jornal de Notícias no final de Setembro. Percebe-se agora que a estratégia não chegou para segurar o segundo posto no aeroporto Francisco Sá Carneiro.
A perder em Lisboa
O recuo da TAP no Porto tem sido mais rápido, mas não difere do resto do país. Em Lisboa, os dados da ANAC também mostram que continua por conter a perda de terreno que se verifica já há alguns anos para as suas concorrentes. Entre Julho e Setembro, a quota de mercado da transportadora aérea nacional foi de 55% em termos de voos e de 48% no que diz respeito a passageiros. Um ano antes, estava nos 56% e nos 50%, respectivamente.
Neste campeonato da capital, a Ryanair e a Easyjet não têm feito um ataque tão cerrado. A primeira empresa tem estado mais activa, mas não conseguiu sair dos 9% de tráfego de passageiros entre 2015 e 2016. Já a segunda até já teve uma posição mais forte no aeroporto Humberto Delgado. Em 2012, tinha uma quota de 9% em movimentos e de 11% em passageiros, que agora desceram para 7% e 8%.
Já em Faro, o terceiro maior aeroporto do país, reinam as low cost já há longos anos. A Ryanair é líder desde 2010, ano em que roubou esse estatuto à Easyjet, e fechou o terceiro trimestre com 25% do tráfego de passageiros. Já a rival britânica atingiu os 17%. Neste momento, a TAP já nem consta na listagem das dez maiores companhias a operar no aeroporto do Algarve – a última vez que apareceu no ranking, em 2014, tinha uma quota de 2%.