João W. Meneses assume que ministro interferiu, por e-mail, em exoneração
Ex-secretário de Estado esclarece publicamente caso do chefe de gabinete que afinal não tinha duas licenciaturas.
“Quando informei o sr. ministro da necessidade de concretizar a substituição do chefe do gabinete (já o havia informado há uns dias de quem iria substituí-lo), recebi o seu pedido — por email — de que não o fizesse nessa altura (o chefe do gabinete demissionário estava ausente há 15 dias e acabava de apresentar uma baixa para acompanhamento à família por mais 15 dias, situação que se estava a tornar danosa para o regular funcionamento da secretaria de Estado)”, escreve Wengorovius Meneses numa carta enviada ao PÚBLICO ao abrigo de um direito de resposta.
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“Quando informei o sr. ministro da necessidade de concretizar a substituição do chefe do gabinete (já o havia informado há uns dias de quem iria substituí-lo), recebi o seu pedido — por email — de que não o fizesse nessa altura (o chefe do gabinete demissionário estava ausente há 15 dias e acabava de apresentar uma baixa para acompanhamento à família por mais 15 dias, situação que se estava a tornar danosa para o regular funcionamento da secretaria de Estado)”, escreve Wengorovius Meneses numa carta enviada ao PÚBLICO ao abrigo de um direito de resposta.
Há sete dias, quando o jornal Observador avançou que mais um membro de um gabinete ministerial — Nuno Félix — se havia demitido por causa de duas licenciaturas inexistentes (mas que constavam da sua nota curricular inicialmente publicada no primeiro despacho de nomeação em Diário da República), não podia prever-se que o caso ainda fosse dar tantas voltas.
Segundo o jornal, João Wengorovius Meneses (ex-secretário de Estado do Desporto) afirmava que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, sabia há vários meses que Nuno Félix (chefe de gabinete do secretário de Estado do Desporto) havia prestado falsas informações sobre o seu percurso académico. Escrevia ainda o Observador que o ministro tinha supostamente impedido o processo de exoneração de Nuno Félix, provocando com essa atitude a discórdia entre os dois governantes e levando ao pedido de demissão do secretário de Estado. Pouco tempo depois, Wengorovius Meneses explicava-se, assumindo que não podia afirmar que o ministro soubesse das falsas declarações do chefe de gabinete, mas mantendo a sua tese sobre as interferências.
Perante a polémica, o próprio ministro da tutela, Tiago Brandão Rodrigues, acabou a dar explicações em directo, na SIC, onde negou as acusações de que no início do ano teria interferido nas tentativas que João Wengorovius Meneses estaria a fazer para exonerar o seu próprio chefe de gabinete, Nuno Félix. Na edição desta quinta-feira, o jornal i acrescentava a informação de que existe um email de Brandão Rodrigues para Wengorovius Meneses em que o ministro teria impedido a referida exoneração.
Agora, a pretexto de um artigo de João Miguel Tavares, o ex-secretário de Estado vem pôr os seus pontos nos “is” e confirma a existência do email em que o ministro pede para que o secretário de Estado adie a exoneração de Nuno Félix.