Candidato independente do Utah é a nova ameaça para Donald Trump

Evan McMullin, um antigo missionário mórmon e ex-agente da CIA envolvido em operações de contra-terrorismo, lançou uma candidatura independente para "defender os princípios conservadores". Aparece nas sondagens com hipóteses de conquistar seis votos do Colégio Eleitoral.

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O candidato mórmon do Utah apresentou-se na corrida presidencial em defesa dos princípios conservadores AFP/GEORGE FREY

Depois de o candidato presidencial republicano, Donald Trump, ter conseguido “neutralizar” a ameaça representada pela adesão de uma parcela do seu eleitorado à campanha do Partido Libertário e do seu cabeça de cartaz, Gary Johnson, eis que surge um novo rival inesperado e potencial obstáculo no seu caminho para a Casa Branca. Evan McMullin, o antigo missionário mórmon e ex-agente da CIA de 40 anos, que é candidato independente à Casa Branca em 11 estados, aparece bem colocado nas sondagens para vencer o seu estado natal do Utah – e baralhar significativamente a aritmética do Colégio Eleitoral que elege o Presidente dos EUA.

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Depois de o candidato presidencial republicano, Donald Trump, ter conseguido “neutralizar” a ameaça representada pela adesão de uma parcela do seu eleitorado à campanha do Partido Libertário e do seu cabeça de cartaz, Gary Johnson, eis que surge um novo rival inesperado e potencial obstáculo no seu caminho para a Casa Branca. Evan McMullin, o antigo missionário mórmon e ex-agente da CIA de 40 anos, que é candidato independente à Casa Branca em 11 estados, aparece bem colocado nas sondagens para vencer o seu estado natal do Utah – e baralhar significativamente a aritmética do Colégio Eleitoral que elege o Presidente dos EUA.

O estado do Utah, que em termos de Colégio eleitoral vale apenas seis votos, é fortemente conservador. Tradicionalmente, o candidato lançado pelo Partido Republicano obtém vitórias expressivas no Utah, que é a sede oficial da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mais de 60% da população professa a religião mórmon). Nas últimas eleições, Mitt Romney, que também é mórmon, venceu com 73% dos votos. Este ano, nas primárias republicanas, prevaleceu o senador do Texas, Ted Cruz, que bateu o seu adversário e agora candidato oficial do partido, Donald Trump, por uma diferença de 55 pontos (foi o pior resultado obtido pelo magnata nova-iorquino em todo o país).

E a rejeição do eleitorado do Utah à candidatura de Donald Trump continua a manifestar-se a menos de uma semana da votação: o republicano não consegue ultrapassar a barreira dos 30%, que é onde se situa também o nível de apoio de Evan McMullin (embora a média de sondagens da Real Clear Politics favoreça Trump por uma margem de seis pontos). A dinâmica da corrida – ou pelo menos da cobertura mediática da corrida – parece estar do lado do antigo especialista em operações de contra-terrorismo que esteve colocado no Médio Oriente, Norte de África e Sul da Ásia. “Acredito que Donald Trump nunca tenha ouvido falar de mim porque enquanto ele andava a assediar mulheres em concursos de beleza, eu estava a combater terroristas no estrangeiro”, respondeu McMullin quando o republicano disse que nem sabia quem ele era.

Mas Trump e a sua equipa estão bem conscientes do efeito que uma vitória de McMullin pode ter nas suas pretensões presidenciais. “Se por qualquer razão perdermos o Utah, o impacto será devastador”, admitiu, numa entrevista à Fox News. Num sinal evidente de preocupação, a campanha de Trump já subiu a pressão nos seus ataques (com alguns insultos à mistura) contra o candidato independente.

Como explicam os analistas, a população mórmon do Utah não consegue ultrapassar a sua oposição ao carácter do candidato republicano, que é considerado “imoral”, e a muitas das suas políticas. Como explicou ao Financial Times o mayor da cidade de Salt Lake City, Ben McAdams, “uma das razões pelas quais os mórmons migraram para o Oeste foi para escapar à discriminação e à violência que sentiam enquanto grupo. Por isso são tão conscientes e sensíveis à retórica de Trump: quando ele ataca muçulmanos, ou mulheres, ou outros grupos religiosos, provoca uma reacção visceral de rejeição”.

Além disso, os 5% de apoio que Evan McMullin goza no vizinho Arizona podem ser suficientes para precipitar uma vitória (que seria histórica) de Hillary Clinton naquele estado. No entanto, a democrata também pode vir a ser prejudicada pela candidatura do mórmon, se por qualquer razão falhar a conquista de alguns dos estados que são essenciais para a sua vitória, e ficar abaixo dos 270 votos que garantem a eleição (num cenário em que os dois principais candidatos perdem o Utah e ficam empatados, cabe à Câmara de Representantes escolher o vencedor).