Feira Popular de Lisboa: a selfie de Medina e o operador de caterpílar paciente
Da Associação Portuguesa de Empresas de Diversão, o presidente da Câmara de Lisboa recebeu um carrossel de brincar. Os a sério ninguém arrisca dizer quando chegarão.
Foi pelas 11h desta quinta-feira que o caterpílar avançou sobre uma das construções existentes nos terrenos onde vai nascer a Feira Popular de Lisboa, em Carnide. Visivelmente feliz com aquele que caracterizara momentos antes como “um dia histórico para a cidade”, o presidente da câmara pegou no seu telemóvel, pediu a um membro da sua equipa que o fotografasse junto à máquina e acabou mesmo por ensaiar uma selfie.
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Foi pelas 11h desta quinta-feira que o caterpílar avançou sobre uma das construções existentes nos terrenos onde vai nascer a Feira Popular de Lisboa, em Carnide. Visivelmente feliz com aquele que caracterizara momentos antes como “um dia histórico para a cidade”, o presidente da câmara pegou no seu telemóvel, pediu a um membro da sua equipa que o fotografasse junto à máquina e acabou mesmo por ensaiar uma selfie.
“Estamos aqui para um dia histórico para a cidade, que marca o início da devolução da feira a Lisboa, aos lisboetas”, afirmou Fernando Medina logo no arranque do seu discurso, feito a curta distância das construções que dali a pouco começariam a ser reduzidas a escombros. Paciente, de braços cruzados e olhos postos no autarca, o operador do caterpílar aguardava pela sua vez de entrar em cena.
Criticando as “más decisões” que levaram a que a cidade ficasse mais de uma década sem “a sua Feira Popular”, o autarca considerou chegado o tempo de a câmara “começar a pagar a dívida que a cidade tem desde 2004 para com centenas de milhares de jovens, crianças, pais, avós e familiares”.
Como já fez em várias ocasiões, Fernando Medina destacou que o equipamento que vai nascer em Carnide “não é um parque de diversões de uma qualquer multinacional, de uma qualquer marca, igual a tantos outros”, mas sim aquela que se pretende que seja “a casa definitiva da Feira Popular de Lisboa”. “Não vamos imitar o passado”, acrescentou ainda, garantindo que no novo espaço as diversões serão “mais modernas, mais atractivas” do que acontecia em Entrecampos.
O presidente da câmara reiterou também que este será “um parque para todos, para todos mesmo”, onde será possível usufruir de “divertimentos calmos, tranquilos” (como os carrosséis que deixam os mais novos “com os olhos a brilhar”), mas também da “adrenalina das diversões únicas e excepcionais”. Uma coisa é certa: no dia em que finalmente abrir ao público a Feira Popular, quem quiser encontrar Fernando Medina não o deve procurar nessas últimas: “Eu estarei mais na parte da família com as crianças”, disse, reconhecendo que as montanhas-russas não são para si.
Esta quinta-feira começaram as demolições nos terrenos, operação que segundo a câmara deverá prolongar-se por cerca de um mês. Depois, explicou o autarca, avançarão “a construção da rede viária e dos parques de estacionamento”, “o plano de modulação dos terrenos e da zona verde” e “a plantação e execução dos espaços verdes”.
Para mais tarde, não se sabe ainda quando, ficará a instalação dos equipamentos de diversão. “Em 2017 a câmara aprovará as condições para a operação e gestão futura da casa da Feira Popular”, explicou Fernando Medina, sem se comprometer com prazos.
Mas poderá o “parque verde” (que o autarca diz que será “um dos maiores da cidade de Lisboa”) abrir já no próximo ano, de forma independente das restantes valências que estão previstas para o espaço? “Admito que seja possível alguma utilização”, respondeu Fernando Medina ao PÚBLICO, explicando que se estima que os equipamentos de diversão ocupem apenas nove dos 20 hectares do projecto. “Vamos trabalhar para que haja uma zona de usufruto o mais cedo possível”, assegurou.
Nesta cerimónia destinada a assinalar “o arranque das obras para a nova casa da Feira Popular de Lisboa” estiveram presentes cerca de 20 representantes da Associação Portuguesa de Empresas de Diversão (APED). Mas aquilo que inicialmente se pensava que poderia ser um protesto acabou afinal por ser “uma manifestação de solidariedade”.
Essa foi a expressão usada pelo presidente da associação, a quem Fernando Medina e o vereador Sá Fernandes (responsável pela Estrutura Verde) se dirigiram antes mesmo do arranque da cerimónia. “Estamos cá para ajudar. Estamos atentos e preocupados”, disse-lhes Luís Paulo Fernandes, acrescentando que “o povo de Lisboa tem direito à diversão”.
Do presidente da APED, os autarcas receberam “um galhardete” e um pequeno carrossel, que começou a tocar e a rodar quando lhe deram corda. Ao seu lado, os manifestantes solidários (que em dada parte do discurso de Fernando Medina não se abstiveram de bater palmas) exibiam cartazes com frases como “APED apoia o novo parque de diversões, cautela com os milhões”, “Somos nós quem sabe como resultam as diversões” ou “O conhecimento somos nós, a experiência somos nós, a diversão somos nós”.
Presente na ocasião esteve também o presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins, concelho junto ao qual vai nascer a nova Feira Popular de Lisboa. Em respostas escritas enviadas ao PÚBLICO por um assessor da presidência, a autarquia disse estar “bastante satisfeita com a localização deste equipamento, junto à Pontinha”, por considerar que ele “permitirá criar uma nova dinâmica e actividade” no território, “requalificando o eixo Pontinha-Carnide”.
Quanto a possíveis problemas, como o ruído, o trânsito ou a falta de estacionamento, a Câmara de Odivelas garantiu que essas questões “estão a ser devidamente avaliadas e acauteladas, em conjunto com a CML [Câmara Municipal de Lisboa], no sentido de que este seja um projecto agregador e de sucesso colectivo”.