Deco processa Volkswagen por atrasos nas reparações

A associação de defesa dos consumidores portugueses diz ainda que os testes aos carros reparados comprovam que as emissões acima dos valores permitidos não só não são corrigidas como são agravadas.

Foto
A DECO critica o tratamento discriminatório entre clientes dos EUA e europeus AFP/JOHN MACDOUGALL

A Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (Deco) entregou uma acção judicial no Tribunal de Lisboa devido à lentidão das reparações do grupo Volkswagen depois do escândalo com a fraude das emissões poluentes da marca. A notícia é avançada pelo jornal i, que lembra que dos cerca de 11 milhões de carros afectados pelo software fraudulento foram detectados 123 mil carros em Portugal.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (Deco) entregou uma acção judicial no Tribunal de Lisboa devido à lentidão das reparações do grupo Volkswagen depois do escândalo com a fraude das emissões poluentes da marca. A notícia é avançada pelo jornal i, que lembra que dos cerca de 11 milhões de carros afectados pelo software fraudulento foram detectados 123 mil carros em Portugal.

O processo é interposto contra a Volkswagen alemã, a SIVA (importadora do grupo em Portugal, excepto a Seat), a Seat e a Volkswagen espanhola, revela a Deco ao jornal. Antes de interpor o processo, a associação questionou o Ministério do Ambiente e do Ministério da Economia “por causa das investigações ao excesso de emissões da fraude, da eficácia do grupo de trabalho, cuja integração nos foi negada, e o estado de realização das tarefas anunciadas no relatório preliminar”, acrescentando que “se esgotou o tempo de espera razoável de espera dos consumidores portugueses”.

De acordo com as contas da Deco, um ano depois de o caso das fraudes se tornar público, ainda existem cerca de 50 mil veículos à espera de uma intervenção para corrigir o problema. Um cenário que contradiz as declarações que têm vindo a ser feitas pela importadora que, por várias vezes, garantiu que Portugal estava entre os países mais rápidos da Europa a reparar os carros afectados.

A Deco condena ainda as diferenças no tratamento a clientes europeus e americanos. Nos EUA, a marca prepara-se para pagar cerca de 12 mil milhões de euros em compensações, dos quais 9 mil milhões de euros são para a indeminização directa dos proprietários afectados.

“Nos EUA as autoridades locais não aceitaram o mero pedido de desculpas dos responsáveis da marca alemã e levaram a cabo investigações que podem resultar em multas elevadas. A Volkswagen decidiu indemnizar os consumidores enganados nos EUA. Na Europa, a Volkswagen continua a negar o pagamento de qualquer verba”, destaca a Deco, citada pelo jornal i.

Veículos reparados poluem mais?

A associação acrescenta também que um estudo realizado em Itália comprovou que a inutilidade da intervenção das Volkswagen nos carros, concluindo que as viaturas reparadas poluem mais depois da alteração do software

Em Portugal, a solução apontada pela SIVA foi justamente a reprogramação do software dos motores manipulados ou uma programação e intervenção mecânica, seguindo o exemplo de outros países europeus.