Um violento bailado cósmico na origem dos anéis de Saturno

Um estudo da Universidade de Kobe, no Japão, concluiu que os anéis são resultado da migração de objectos celestes. À passagem por Saturno, a sua cobertura gelada seria atraída para a órbita do planeta, estilhaçando-se nos pedaços que formam os anéis

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Os anéis de Saturno foram identificados em 1655 pelo holandês holandês Christiaan Huygens DR

Um gigantesco e violento bailado cósmico. Terá sido assim, garante um estudo da Universidade de Kobe, no Japão, que se formaram os anéis de Saturno, um mistério que a ciência tenta resolver desde que, em 1655, o cientista holandês Christiaan Huygens os vislumbrou claramente através da lente do seu telescópio.

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Um gigantesco e violento bailado cósmico. Terá sido assim, garante um estudo da Universidade de Kobe, no Japão, que se formaram os anéis de Saturno, um mistério que a ciência tenta resolver desde que, em 1655, o cientista holandês Christiaan Huygens os vislumbrou claramente através da lente do seu telescópio.

Segundo o estudo da equipa liderada por Hyodo Ryuki, o processo terá tido início num período precoce de formação do Sistema Solar, há cerca de 4000 milhões de anos. Nesse período, conhecido como o Intenso Bombardeamento Tardio, Júpiter e Saturno, sofreram uma migração orbital e a dança espacial entre os dois gigantes fixou Júpiter e travou Saturno. A ressonância orbital daí resultante, contudo, provocou um gigantesco sobressalto no Sistema Solar. Desde a Cintura de Kuiper, localizada além da órbita de Neptuno e onde se acumulam pequenos corpos formados por gelo e rocha, despojos da formação do Sistema Solar, vários corpos celestes da dimensão de Plutão (um quinto do tamanho da Terra) foram atraídos para o interior do sistema. Terão sido eles a fornecer a matéria para a criação dos anéis de Saturno, mas também de Urano e Neptuno.

Recorrendo a simulações informáticas, os investigadores analisaram a probabilidade de Saturno, Urano e Neptuno terem atraído até si os corpos celestes vindos da Cintura de Kuiper, concluindo que tal ocorrência teve lugar múltiplas vezes. Descobriram também que fragmentos com uma percentagem variável entre os 0,1 e os 10% da massa total dos corpos seriam capturados para a órbita dos planetas. São esses fragmentos, concluem os investigadores de Kobe, os responsáveis pela formação dos anéis dos três planetas (também Júpiter tem anel, no seu caso maioritariamente constituído por poeira). Falamos, porém, de anéis de uma natureza diferente.

As simulações realizadas pela equipa de Hyodo Ryuki permitiram descobrir que os fragmentos capturados para as órbitas dos planetas, mesmo de dimensões generosas, sofreriam repetidas colisões a alta velocidade, até se estilhaçarem em diversos pequenos pedaços. Se objectos celestes de cobertura gelada e interior rochoso forem atraídos para a órbita de Urano e Neptuno, a maior densidade destes levará a que tanto a rocha como o gelo sejam capturados. Já no caso de Saturno, a sua menor densidade leva a que apenas a cobertura gelada seja capturada e estilhaçada em pedaços menores, explicando-se dessa forma os anéis gelados de Saturno, cujo brilho e colorido tanto fascina há séculos a Humanidade. São resultado de um violento bailado cósmico, uma maravilhosa consequência de todo o processo de formação de planetas.