Doentes esperam 16 meses por uma ressonância no SNS

Falta de profissionais no serviço público e a degradação do equipamento são dois dos principais motivos de espera.

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O exame tornou-se um dos mais perfeitos a nível de imagem e a sua procura aumentou Enric Vives-Rubio

O tempo de espera para fazer uma ressonância magnética através do Serviço Nacional de Saúde (SNS) varia de hospital para hospital, mas pode chegar a um período de espera de 16 meses. É o caso do Hospital de São José, em Lisboa, detalha o Diário de Notícias. Um prazo considerado "inaceitável" pelos médicos, escreve o jornal.

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O tempo de espera para fazer uma ressonância magnética através do Serviço Nacional de Saúde (SNS) varia de hospital para hospital, mas pode chegar a um período de espera de 16 meses. É o caso do Hospital de São José, em Lisboa, detalha o Diário de Notícias. Um prazo considerado "inaceitável" pelos médicos, escreve o jornal.

As razões deste tempo de espera assentam na saída de profissionais do serviço público, quer para o serviço privado ou estrangeiro quer para a reforma. Também a integração de outras unidades no mesmo centro hospitalar e a degradação de algum equipamento prejudicam o serviço, escreve o mesmo jornal.

No hospital Santo António, a marcação de uma consulta pode demorar seis meses e no hospital universitário de Coimbra a espera prolonga-se, em média, até aos quatro meses. O hospital Santa Maria, em Lisboa, e o São João, no Porto, não responderam.

De acordo com o conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Central existem três equipamentos a trabalhar 12 horas por dia, de segunda a sexta-feira, que resultam em cerca de 14 mil ressonâncias magnéticas por ano.

Por sua vez, o Centro Hospitalar do Porto, que inclui o Hospital de Santo António, explica que os pedidos aumentaram nos últimos anos com a integração de outros hospitais e da crescente actividade de oncologia. Para atenuar as consequências, realizam "ressonâncias de rotina das 8h às 23h, em dias úteis e ao sábado, num total de 12 mil por ano.

Para Rui Nogueira, presidente da Associação dos Médicos de Família, "esperar 16 meses por uma ressonância não é razoável": "O problema é grande e o exame não tem comparticipação. Há uma iniquidade inaceitável. A ADSE tem comparticipação, o SNS não. Em situação de aflição, os doentes recorrem ao privado mas é muito caro, são mais de 300 euros", explica ao jornal.

Também Filipe Caseiro Alves, presidente da Sociedade Portuguesa de Radiologia e Medicina Nuclear, sublinha: "A população está mais envelhecida, precisa de um maior número de exames e é difícil fazer face a esse aumento da procura. São precisas soluções”. Para Filipe Caseiro Alves, os hospitais deviam focar-se nos doentes internados e com patologias mais complicadas e para os restantes deviam ser criados mecanismos de convenção ou produção adicional dentro dos hospitais. “Seria dividir o esforço pelo sistema de saúde", conclui.

O presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, diz que esta é uma situação complexa. "Os radiologistas têm saído para empresas privadas. Por outro lado, o equipamento no público começa a ficar obsoleto. Deve ser criado um plano de reequipamento do SNS”, aponta. Além disso, “é preciso criar condições de trabalho no sector público. Os centros de responsabilidade integrada são um bom caminho para dar maior autonomia aos profissionais de forma a serem criadas as condições adequadas a um melhor desempenho."

Uma ressonância magnética é um exame imagiológico com potencialidades diagnósticas superiores, uma vez que tem uma maior capacidade de diferenciação de estruturas e tecidos normais e patológicos, pela ausência de radiação ionizante.