Cerveja artesanal: pequenos, mas resistentes
Microcervejeiros têm registado subidas consecutivas nas vendas e estão a investir no aumento de produção.
Enquanto a cerveja mais convencional tem perdido terreno, a cerveja artesanal produzida em pequena escala tem conquistado cada vez mais adeptos. O movimento em Portugal segue as tendências internacionais e, em 2015, a Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja alterou os estatutos para poder passar a integrar quatro microcervejeiros.
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Enquanto a cerveja mais convencional tem perdido terreno, a cerveja artesanal produzida em pequena escala tem conquistado cada vez mais adeptos. O movimento em Portugal segue as tendências internacionais e, em 2015, a Associação Portuguesa dos Produtores de Cerveja alterou os estatutos para poder passar a integrar quatro microcervejeiros.
Pedro Baptista, sócio-gerente da Praxis, diz que desde o dia em que apostou na produção própria, em Coimbra, o crescimento é contínuo. “Todos os anos até ao dia de hoje se verifica um aumento das vendas e do consumo de cerveja”, conta o PÚBLICO. A origem da Praxis remonta à década de 1990 quando o pai de Pedro Baptista, Arnaldo Baptista, quis “devolver à cidade aquilo que há muito tinha acabado, a produção de cerveja”. O negócio arrancou em Abril de 2009 com um restaurante, aliado ao fabrico, e evoluiu para um aumento da produção e a venda em todo o país. O negócio começou “em plena crise”, com o IVA na restauração nos 23% e uma “cultura cervejeira artesanal no país inexistente”. “O cenário não podia ser muito pior, ou seja, só podia melhorar”, diz.
Depois das obras de alargamento, foi possível começar a vender de Norte a Sul, “resistindo para já à grande distribuição”. “Exportamos para vários países, incluindo a Bélgica”, afirma Pedro Baptista, acrescentando que 2016 “está a correr muito bem”. A Praxis facturou perto de um milhão de euros no ano passado e prevê um crescimento de 15% a 20% este ano.
A Vadia arrancou com a comercialização da sua cerveja em 2012 e também tem visto a facturação a aumentar. Desde essa altura que o crescimento anual tem sido, em média, superior a 50%. Nicolas Billard, um dos três sócios, destaca dois factores que determinaram o sucesso: “um mercado quase ‘virgem’ e com muito potencial” e o facto de terem arrancado como uma “nano microempresa” que trabalhava apenas aos fins-de-semana em 2011 e 2012 e que cresceu pouco a pouco.
Ainda assim, Nicolas Billard antevê “grandes desafios” para os próximos anos. “Desde final de 2015 que apostámos em novos grandes investimentos para enfrentar estes desafios, num mercado cada vez mais concorrencial”, conta, adiantando que o “primeiro salto” foi a mudança de instalações e o aumento de área instalada de 150 metros quadrados para mil metros quadrados. A capacidade de produção cresceu para um milhão de litros e, no final deste ano, será feito novo investimento na área do engarrafamento que vai permitir encher três milhões de garrafas por ano. A Vadia também juntou à produção industrial um espaço (o BrewPub Vadia, em Oliveira de Azeméis) e acredita que a “complementaridade dos dois ramos de negócio será a chave para enfrentar os novos desafios do mercado nos próximos anos”. A Vadia entrou na grande distribuição (grupo Auchan) no início de 2015 e facturou cerca de 200 mil euros em 2015.