Pippo Delbono: “Não sou cristão, mas estou sempre a voltar à religião”

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Vangelo, o filme que Pippo Delbono mostrou no Doclisboa, pouco tem a ver com Vangelo, o espectáculo que estreou no final de 2015, mas partilham uma mesma origem – a sugestão da mãe do encenador, falecida em 2013, de “fazer qualquer coisa” com o Evangelho segundo São Mateus, que ainda por cima já tinha sido filmado por Pier Paolo Pasolini. Ri-se.

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Vangelo, o filme que Pippo Delbono mostrou no Doclisboa, pouco tem a ver com Vangelo, o espectáculo que estreou no final de 2015, mas partilham uma mesma origem – a sugestão da mãe do encenador, falecida em 2013, de “fazer qualquer coisa” com o Evangelho segundo São Mateus, que ainda por cima já tinha sido filmado por Pier Paolo Pasolini. Ri-se.

“Não sou cristão, sou budista, mas parece que estou sempre a voltar à religião, encenei a Paixão de Bach, fiz um filme como actor onde interpretava uma Testemunha de Jeová… Acabo sempre por voltar aos mesmos temas, mas sempre a partir de linguagens, ideias, pontos de vista diferentes. Mas não consigo ficar mais de três, quatro anos nos mesmos temas.”

A diferença entre Vangelo no écrã e Vangelo em palco, contudo, é específica; mesmo que se cruzem a dada altura – e Delbono explica que apenas há dois “quadros” em comum entre ambos – são visões completamente diferentes de uma mesma premissa, que ganham contornos diferentes de acordo com o contexto.

Fala de uma “harmonia bizarra” entre “duas coisas completamente diferentes, mas que, de forma surpreendente para mim, dialogam uma com a outra”. 

Define o seu cinema, “auto-didacta porque nunca fiz escola de cinema”, como “música visual” - “a câmara faz as vezes dos meus olhos, como se fosse um prolongamento”. O que é que diferencia um momento de cinema de um momento de teatro, então? “Quando me sento numa cadeira e o que vejo é mais forte no écrã, é cinema. Quando algo acontece na sala que é irrepetível no écrã, é teatro.”