Nuno Félix recebeu quase 100 mil euros em dois anos do Governo Sócrates

Chefe de gabinete que agora se demitiu já tinha trabalhado como assessor da Presidência de Conselho de Ministros entre 2008 e 2011.

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Nuno Félix é conhecido como o dinamizador do projecto Famílias Como as Nossas Nuno Ferreira Santos

Esta não foi a primeira vez que Nuno Félix trabalhou para um Governo socialista: o até aqui chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e do Desporto colaborou com o executivo de José Sócrates na área da comunicação. Em 2010, celebrou contratos com a Secretaria-Geral da Presidência de Conselho de Ministros, para prestar serviços na área da comunicação, recebendo um total de 98.277 euros.

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Esta não foi a primeira vez que Nuno Félix trabalhou para um Governo socialista: o até aqui chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e do Desporto colaborou com o executivo de José Sócrates na área da comunicação. Em 2010, celebrou contratos com a Secretaria-Geral da Presidência de Conselho de Ministros, para prestar serviços na área da comunicação, recebendo um total de 98.277 euros.

De acordo com a informação disponível no Portal Base, tratou-se de dois contratos por ajuste directo. O primeiro foi celebrado em Janeiro de 2010, para serviços na área comunicacional por 290 dias, pelos quais recebeu 49.067,16 euros. E o segundo é de 30 de Dezembro de 2010, para vigorar durante todo o ano de 2011, em que recebeu 49.200 euros por trabalho de “consultadoria técnica” em “serviços de comunicação, gestão e estratégia de comunicação e desenvolvimento e produção de conteúdos”.

Apesar de só estarem registados estes contratos no Portal Base – que só arrancou em 2010 –, a sua ligação à Presidência do Conselho de Ministros é mais antiga. No seu perfil na rede de contactos profissionais LinkedIn, Nuno Félix diz ter sido assessor para as questões de media do ministro dos Assuntos Parlamentares entre 2008 e 2011.

No entanto, entre as informações empresariais que acrescenta no seu currículo nesta rede, há pelo menos uma cuja existência não é possível confirmar. É o caso da empresa Rakatak – Expedições e Aventura, da qual não se encontra qualquer registo comercial, mas de que diz ter sido dono e sócio-gerente entre Janeiro de 2008 e Outubro de 2009.

Também diz ter sido dono e gerente de uma empresa de venda e aluguer de aparelhos de GPS sediada em Coimbra, chamada Find It, entre 2006 e 2009, mas os registos mostram que só entrou na sociedade em 2007 e não há qualquer indicação da sua saída até à dissolução da empresa em 2014.

Já em 2002, Nuno Félix abrira com um sócio a empresa de consultoria Monteiro Coelho & Félix, Consultoria de Comunicação, que se dedicava também, de acordo com o objecto social do registo publicado em Diário da República, à “edição, publicação e comércio de revistas, livros, suplementos e catálogos”, e também a serviços de “marketing, publicidade e artes gráficas”. Esta sociedade terá durado três anos.

No seu currículo, Nuno Félix acrescenta passagens por outras actividades: diz que foi director de publicidade no grupo Media Capital (2000/2001), vice-presidente do Conselho Nacional de Juventude (2001/03), e gestor de publicações no grupo JAS Farma (de revistas médicas) em 2005. Recentemente, apresenta-se como olheiro de futebol: desde Julho de 2013 pelo clube FC Colónia e entre Julho de 2011 e Julho de 2014 pelo Hannover 96.

Nuno Félix, de 39 anos, é publicamente conhecido como o dinamizador do projecto Famílias Como as Nossas, que trouxe refugiados da Áustria para Portugal, tendo, aliás, sido o protagonista de uma reportagem do PÚBLICO a propósito do dia do refugiado.

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