A EDP e a responsabilidade social visível
Os números impressionaram e fizeram notícia desde a primeira hora, período durante o qual 1.800 pessoas passaram a entrada do novíssimo Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia. A elevada visibilidade mediática do acontecimento inaugural recordou-me o sucedido há um ano e meio com a abertura do novo edifício do Museu Nacional dos Coches, também ela precedida por um acompanhamento invulgar da comunicação social. Na altura dessa abertura, a apenas 500 metros, já se vislumbravam desde o Museu dos Coches os alicerces de um outro museu de natureza e propósitos completamente distintos ao seu. Literalmente, do outro lado da linha.
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Os números impressionaram e fizeram notícia desde a primeira hora, período durante o qual 1.800 pessoas passaram a entrada do novíssimo Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia. A elevada visibilidade mediática do acontecimento inaugural recordou-me o sucedido há um ano e meio com a abertura do novo edifício do Museu Nacional dos Coches, também ela precedida por um acompanhamento invulgar da comunicação social. Na altura dessa abertura, a apenas 500 metros, já se vislumbravam desde o Museu dos Coches os alicerces de um outro museu de natureza e propósitos completamente distintos ao seu. Literalmente, do outro lado da linha.
Sem querer alongar-me na lista das razões que justificaram todo esse interesse, duas delas sobressaem; A singularidade da coleção de coches, desde há décadas vista e apreciada por escolas, avós e netos por um lado e, por outro, a interação com a cidade e o espaço público. Na verdade, o que se manteve e relaciona um edifício ao outro é também esse apego extraordinário manifestado pelos cidadãos a projetos culturais abertos à sua fruição, e cuja projeção não se circunscreve a um domínio específico ou a uma determinada gíria profissional.
Todo este raciocínio surge em resposta ao artigo da autoria de José Vítor Malheiros publicado no jornal ‘Público’ de dia 19 de outubro, onde este disserta sobre a construção do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) apresentando-o como uma forma que a EDP terá de escamotear uma série de “tropelias” cometidas no domínio da sua atividade empresarial e comercial.
Pelo meu lado, não tenho qualquer objeção a que existam empresas portuguesas fortes e com escala internacional. Pelo contrário. E também não vejo inconvenientes a que os artistas e, de um modo geral, a cultura portuguesa, sejam beneficiados pelo investimento feito por parte do nosso tecido empresarial.
Penso, aliás, que no caso em apreço a EDP direta ou indiretamente através da sua Fundação tem desenvolvido uma prática de responsabilidade social a diversos níveis e escalas; Para além da contribuição anual de €400 mil para a Companhia Nacional de Bailado/OPART, aplicada na itinerância e cobertura do território pelos bailarinos, uma simples visita à página fundacaoedp.pt/cultura
Se há problema detetado e sobejamente identificado quando nos dedicamos a analisar as estruturas culturais por Portugal fora, esse problema é a falta de meios para levar a cabo planos de comunicação sustentados e eficazes, porque exigem verbas avultadas e equipas permanentes. Basta falar com qualquer companhia de teatro, de dança ou grupo de música. A comunicação é um problema crucial nos mecanismos que visam aproximar os criadores, intérpretes e públicos.
Em suma, entendo que acusar a EDP de possuir uma política forte de comunicação, em particular quando inaugura um equipamento cultural crucial para a qualificação urbana do espaço público como o MAAT, carece de sentido. Mas, mais do que isso, é minha convicção de que todos beneficiamos de uma maior visibilidade de exemplos similares de responsabilidade social e de mecenato. Porque é essa visibilidade que garante aos investidores o retorno para as suas marcas e são esses resultados positivos que funcionam como exemplo a seguir por outras instituições e empresas.
Saibamos pois, mais do que criticar, apreciar aqueles que evidenciam os sucessos que alcançam com os seus contributos mecenáticos. Porque escondê-los, mesmo que por um eventual pudor institucional, seria tão redutor quanto prejudicial para a construção de um modelo de cidadania descomplexado, participativo e transparente.
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