Independentes querem "vice" a suceder a Guilherme Pinto na Câmara de Matosinhos

Henrique Calisto foi uma das vozes que rejeitaram o nome de Luísa Salgueiro para liderar candidatura em 2017.

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PS perdeu a Câmara de Matosinhos em 2013 por ter preferido apoiar presidente da concelhia em vez de Guilherme Pinto Nelson Garrido

Guilherme Pinto, reeleito como independente em 2013 por ter perdido o apoio do PS, está de saída da presidência da Câmara de Matosinhos. E a um ano das eleições autárquicas, há divergências sobre quem, da área socialista, deve ocupar a sua cadeira em 2017: um independente ou um militante socialista.

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Guilherme Pinto, reeleito como independente em 2013 por ter perdido o apoio do PS, está de saída da presidência da Câmara de Matosinhos. E a um ano das eleições autárquicas, há divergências sobre quem, da área socialista, deve ocupar a sua cadeira em 2017: um independente ou um militante socialista.

O actual vice-presidente da Câmara de Matosinhos, Eduardo Pinheiro, é o nome que os independentes do Movimento Por Matosinhos (MPM) gostariam de ver suceder a Guilherme, mas no PS Luísa Salgueiro é a candidata de eleição, afastada que está, por intervenção da distrital, a candidatura do líder concelhio, Ernesto Páscoa. Matosinhos promete tornar-se, mais uma vez, num caso mediático, sobretudo se Narciso Miranda voltar a candidatar-se à câmara que liderou durante quase três décadas, deixando a área socialista com três candidaturas rivais.

No MPM, a discussão do processo autárquico começou há dias e houve quem defendesse que o candidato deveria ser o vice-presidente, embora essa questão não fizesse parte da ordem de trabalhos da reunião, convocada por Guilherme Pinto. Seja como for, Eduardo Pinheiro disse estar disponível para aceitar o desafio.

“Eduardo Pinheiro é a pessoa que está em melhores condições de fazer um melhor mandato e estabelecer pontes pós-eleitorais com um conjunto alargado de movimentos políticos, porque ele tem essa capacidade de diálogo”, declarou ao PÚBLICO o deputado municipal João Pereira, eleito pelo MPM, presente na reunião.

“Se as eleições fossem amanhã votaria com grande orgulho em Eduardo Pinheiro, que tem feito um excelente trabalho na câmara, na captação de investimento para o concelho e na reabilitação urbana”, afirma o deputado, destacando a “invulgar relação afectiva” que o vice-presidente - que ultimamente tem substituído Guilherme Pinto, ausente por questões de saúde, na presidência da câmara – tem com os trabalhadores da autarquia.

João Pereira entende que este ainda não é o tempo para discutir nomes, mas para abrir portas para negociar com o PS uma candidatura.

Guilherme Pinto disse ao PÚBLICO que este “é um processo em construção, pelo que não há soluções fechadas [quanto ao candidato] ”. O independente, que já foi do PS, confirmou que na reunião houve quem se opusesse a que a candidata fosse Luísa Salgueiro, mas, sublinha que essa questão não está para já em cima da mesa.

O ex-socialista e treinador de futebol Henrique Calisto, que integra o movimento de Guilherme Pinto, tem uma posição mais assertiva, mostrando-se contra “imposições de nomes”. Dispara contra o líder da federação do PS-Porto, Manuel Pizarro, e responsabiliza Luísa Salgueiro por ter “desunido o PS e os independentes”. O presidente do Conselho Consultivo do Desporto e ex-presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos assume, em declarações ao PÚBLICO, que “o candidato à câmara tem de sair do grupo de independentes que venceu as eleições em 2013 e Eduardo Pinheiro pode ser o candidato, mas há outros”.

Quanto a Manuel Pizarro deixa uma pergunta que é também um desafio: “Se no Porto o PS pode apoiar um independente [Rui Moreira] e não apresentar lista às eleições, porque é que em Matosinhos os socialistas não podem apoiar um independente que consegue aglutinar vontades?”

Em Setembro, a distrital avocou o processo eleitoral em Matosinhos e a partir daí o PS entrou num ambiente de guerrilha interna.