Sócrates: "António Costa é um líder em formação"
Antigo primeiro-ministro lança também aviso a Marcelo: "O excesso mata qualquer ideia de carisma" e "enfraquece".
José Sócrates foi à TVI falar sobre o seu novo livro, O Dom Profano, que se centra nas questões do carisma na liderança, e afirmou que “António Costa é um líder em formação”, porque “só agora é líder do partido e só agora iniciou as suas funções como primeiro-ministro”. Ou seja, na opinião do antigo primeiro-ministro, “só no final” vai ser possível classificar a liderança de António Costa.
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José Sócrates foi à TVI falar sobre o seu novo livro, O Dom Profano, que se centra nas questões do carisma na liderança, e afirmou que “António Costa é um líder em formação”, porque “só agora é líder do partido e só agora iniciou as suas funções como primeiro-ministro”. Ou seja, na opinião do antigo primeiro-ministro, “só no final” vai ser possível classificar a liderança de António Costa.
Sobre a mesma matéria, Sócrates lançou um aviso ao Presidente da República: “O excesso mata qualquer ideia de carisma” e “enfraquece”. Por isso, o antigo líder do PS diz que Marcelo Rebelo de Sousa “devia ter isso em atenção”.
À margem da discussão sobre o conteúdo de O Dom Profano, Sócrates falou ainda sobre outros temas, incluindo o Orçamento do Estado para 2017. E sobre isso não tem dúvidas: “O Governo teve um grande êxito”, esse facto é “o traço dominante do Orçamento”. Sobre a actual conjuntura política, Sócrates diz que lhe agrada "a transformação política da esquerda” e a “nova postura em relação às questões da governação de PCP e Bloco de Esquerda”.
Sobre as últimas novidades relativas ao processo Operação Marquês, o ex-primeiro-ministro revela que não concorda com a decisão do Tribunal de Relação sobre o pedido de afastamento do juiz Carlos Alexandre, devido às declarações proferidas durante uma entrevista à SIC.
Sócrates afirmou ainda que a frase dita por Carlos Alexandre, de que não tinha contas ou dinheiro em nome de amigos, revelou “falta de imparcialidade”: "Foi uma insinuação maldosa a meu respeito”. No entanto, Sócrates garante que já recorreu da decisão “em termos formais” pois a questão da “recusa não é um recurso”, pelo que “não devia ter sido julgada apenas por dois juízes”.
"A questão principal é que me detiveram ilegalmente e prenderam-me injustamente”, continuou Sócrates, queixando-se de "passados dois anos" não haver ainda acusação. Ou seja, para o antigo líder do Partido Socialista “o processo acabou”, justificando que o Tribunal da Relação “decretou que o fim do processo era dia 18 de Outubro do ano passado”. Desta maneira, o “Ministério Público tinha uma de duas possibilidades”, ou “arquivava o processo ou marcava outro prazo”, algo que, na visão de Sócrates, não foi feito: “Foram apenas adiando” a acusação.
Sobre o seu novo livro, Sócrates revela que este é também uma “reflexão que tem a ver com o projecto europeu” e com o “desencantamento europeu”. Sobre a altura do lançamento da obra, o antigo governante diz que decidiu deixar o processo no qual está envolvido de parte, prometendo, no entanto, que escreverá sobre o mesmo.