Fim do embargo a Cuba? EUA abstiveram-se na ONU
Decisão compete ao Congresso de maioria republicana, que se tem oposto ao levantamento total do embargo.
Os Estados Unidos abstiveram-se nesta quarta-feira nas Nações Unidas durante a votação uma resolução que apela ao fim do embargo dos EUA a Cuba. O voto já tinha sido anunciado previamente pela embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power. Todos os anos é posta a votação esta resolução e todos os anos os EUA votam contra.
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Os Estados Unidos abstiveram-se nesta quarta-feira nas Nações Unidas durante a votação uma resolução que apela ao fim do embargo dos EUA a Cuba. O voto já tinha sido anunciado previamente pela embaixadora norte-americana na ONU, Samantha Power. Todos os anos é posta a votação esta resolução e todos os anos os EUA votam contra.
A excepção à regra aconteceu nesta quarta-feira. Barack Obama, que em Março fez uma visita oficial a Cuba – a primeira de um Presidente dos EUA em mais de 80 anos –, já levantou restrições ao comércio e deslocação de pessoas entre os dois países, mas o levantamento do embargo está nas mãos do Congresso, de maioria republicana e que se tem oposto ao fim da proibição das relações comerciais entre os dois países. A resolução foi aprovada com duas abstenções: a dos EUA e de Israel.
A Assembleia Geral da ONU aplaudiu quando, antes do voto, Samantha Power anunciou que os EUA se iriam abster. “A abstenção não significa que os Estados Unidos concordam com todas as políticas e práticas do Governo cubano, o que não fazemos”, advertiu a embaixadora, que acrescentou: “Estamos profundamente preocupados com as graves violações dos direitos humanos que continuam a ser cometidas pelo Governo cubano”.
Apesar do aviso, o ministro cubano dos Negócios Estrangeiros, Bruno Rodriguez, descreveu a abstenção como “um passo positivo para a melhoria das realções entre os EUA e Cuba”.
Na sua declaração, Samantha Power frisou que “a política de isolar Cuba seguida pelos EUA não funcionou”. “Em vez de isolar Cuba (…), a nossa política isolou os Estados Unidos, incluindo aqui na ONU”, concluiu.
Segundo uma fonte diplomática dos EUA citada pela Associated Press, os EUA já tinham pensado em abster-se no ano passado, mas acabaram por não o fazer por discordarem de alguns pontos da resolução. Esta foi votada já após o restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países. Os EUA tentaram que Cuba suavizasse o tom da condenação anual proposto à ONU, mas Havana recusou alegando que enquanto existir embargo não haverá forma de suavizar o repúdio pro esta medida.
Na resolução de 2015, mais uma vez, apenas Israel votou ao lado dos EUA contra o fim do embargo a Cuba, que dura há 55 anos. Esta resolução já foi aprovada depois de Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, terem anunciado que iriam restabelecer relações diplomáticas, o que se concretizou em Julho do ano passado com a reabertura das embaixadas de ambos os países em Washington e Havana.