Concurso para o Mercado do Bolhão só em Novembro (espera-se)

Vendedores que quiserem regressar têm de assinar declaração em que se comprometem a ir para o mercado temporário no centro comercial La Vie

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Ainda não há data para o arranque das obras no mercado PAULO PIMENTA

O concurso público para a reabilitação do Mercado do Bolhão, no Porto, ainda não foi lançado. O seu arranque chegou a ser anunciado para Abril, mas fonte da Câmara do Porto diz que, agora, “está previsto” que seja lançado em Novembro. Entretanto, a autarquia prepara a retirada dos comerciantes e os vendedores do interior foram confrontados com a necessidade de assinarem uma declaração em que se comprometem a aceitar a transferência para o mercado temporário que irá funcionar no centro comercial La Vie, bem como o regresso ao Bolhão, quando as obras estiverem concluídas.

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O concurso público para a reabilitação do Mercado do Bolhão, no Porto, ainda não foi lançado. O seu arranque chegou a ser anunciado para Abril, mas fonte da Câmara do Porto diz que, agora, “está previsto” que seja lançado em Novembro. Entretanto, a autarquia prepara a retirada dos comerciantes e os vendedores do interior foram confrontados com a necessidade de assinarem uma declaração em que se comprometem a aceitar a transferência para o mercado temporário que irá funcionar no centro comercial La Vie, bem como o regresso ao Bolhão, quando as obras estiverem concluídas.

O Gabinete do Mercado do Bolhão tem estado a gerir o processo de transferência em reuniões individuais com os comerciantes e terá sido nessas condições que foi entregue aos vendedores do interior a declaração, já depois de “cerca de 70” deles terem feito chegar à Câmara do Porto um abaixo-assinado, no qual manifestavam o seu “profundo desagrado” pelo funcionamento do gabinete e recusando ser transferidos para o La Vie ou regressarem ao Bolhão para um espaço diferente daquele que agora ocupam.

Questionada pelo PÚBLICO sobre se o abaixo-assinado tivera algum efeito no processo em curso, fonte do gabinete de comunicação da autarquia disse que não. “A câmara mantém a mesma posição: estudou as diferentes opções e concluiu pela melhor [La Vie]. O tempo de tomar essas decisões já passou”, disse.

A mesma fonte garante que “muitos vendedores já assinaram” a declaração em que se comprometem a ir para o La Vie, mas não precisou o número exacto. E garante que o documento pretende “proteger” estes comerciantes. “As licenças dos vendedores do interior são todas precárias e este documento é para segurança das pessoas, porque vão sair do mercado por um tempo. O documento não retira qualquer direito, dá-lhes, sim, o direito de irem para o La Vie e de voltarem, depois das obras, para o Bolhão”, diz.

A saída dos comerciantes está prevista para o segundo trimestre do próximo ano e pelo prazo mínimo de 20 meses, para que sejam realizadas as obras de reabilitação do Mercado do Bolhão. Enquanto estiverem no La Vie, os comerciantes deverão começar a receber formação (prometida pela câmara) e habituarem-se a uma nova realidade, já defendida por Rui Moreira: o alargamento de horários. “A questão dos horários está a ser trabalhada, mas é intenção da câmara que os horários do Bolhão sejam ajustados às necessidades dos consumidores [fechando mais tarde] e o mais provável é que o mercado do La Vie já se aproxime o mais possível do que será o futuro Bolhão. Não é razoável fechar às 17h”, explica a mesma fonte.

Com todo o processo de saída dos comerciantes a decorrer em velocidade cruzeiro, o que está mais atrasado é o processo de obras do mercado propriamente dito. A assessoria de imprensa da câmara afirma que o lançamento do concurso está “assumidamente atrasado, por decisão do presidente Rui Moreira”. Ou seja, explica, o autarca pediu “uma revisão externa” de todas as peças de concurso, procurando antecipar quaisquer dúvidas que pudessem ser levantadas por eventuais concorrentes, e que poderiam atrasar o processo. “A revisão está completa e houve muitas alterações. Preferiu-se perder tempo agora, para se lançar um concurso o mais inatacável possível”, diz.