A geografia mundial do futebol feminino
Na Europa ganha quase sempre a Alemanha, no mundo mandam os EUA. Mas as asiáticas também dão cartas.
Aquela máxima de Gary Lineker de “11 contra 11 e no final ganha a Alemanha” foi pensada para o futebol masculino, mas também se aplica no futebol feminino. Olha-se para o palmarés das mais importantes competições de futebol feminino na Europa e a máxima do antigo internacional inglês tem toda a validade: oitos títulos de campeão europeu em 11 possíveis, seis deles obtidos de forma consecutiva entre 1995 e 2013; nove títulos de campeão europeu de clubes em 15 possíveis, sendo que só duas destas finais não tiveram qualquer equipa alemã; nos prémios anuais da FIFA, são as jogadoras alemãs que dominam, com cinco Bolas de Ouro; é também a única equipa europeia a ter dois títulos de campeã mundial, o que a torna igualmente na única a ser campeã do mundo nos dois géneros.
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Aquela máxima de Gary Lineker de “11 contra 11 e no final ganha a Alemanha” foi pensada para o futebol masculino, mas também se aplica no futebol feminino. Olha-se para o palmarés das mais importantes competições de futebol feminino na Europa e a máxima do antigo internacional inglês tem toda a validade: oitos títulos de campeão europeu em 11 possíveis, seis deles obtidos de forma consecutiva entre 1995 e 2013; nove títulos de campeão europeu de clubes em 15 possíveis, sendo que só duas destas finais não tiveram qualquer equipa alemã; nos prémios anuais da FIFA, são as jogadoras alemãs que dominam, com cinco Bolas de Ouro; é também a única equipa europeia a ter dois títulos de campeã mundial, o que a torna igualmente na única a ser campeã do mundo nos dois géneros.
A Alemanha, claro, vai estar no Europeu do próximo ano na Holanda e, no sorteio, estará no pote 1, podendo, perfeitamente, ser um dos adversários da estreante selecção portuguesa, que estará no pote 4, dependendo do que acontecer no sorteio. Só para se ter uma ideia das diferenças entre realidades incomparáveis, a Alemanha tem mais de 258 mil praticantes federadas de futebol feminino, Portugal tem pouco mais de 3050 mulheres/raparigas futebolistas. E neste nível de grandeza, também há diferenças assinaláveis em relação a países como a Suécia (168 mil praticantes), Noruega (106 mil) ou a França (73 mil). Mesmo a Espanha, que também marca presença no Europeu, tem 31 mil praticantes.
A Europa é o continente mais forte em termos de futebol feminino, com quatro das dez primeiras selecções do “ranking” FIFA. Para além da Alemanha, estão lá França (3.º), Inglaterra (5.º) e Suécia (6.º), todos potenciais adversários da selecção portuguesa, que tem o “ranking” mais baixo entre as 16 selecções apuradas. Mesmo a diferença de estatuto para as outras equipas do pote 4 é grande – Rússia (22.º), Áustria (25.º) e Bélgica (26.º). No sorteio dos grupos, que se realiza em Roterdão a 8 de Novembro, o melhor que podia acontecer a Portugal em termos de cabeça-de-série era ficar emparelhado com a Holanda (12.º). Falar de futebol feminino na Europa obriga ainda a falar dos nórdicos. Estarão neste Euro quatro representantes (Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia), apenas com a Finlândia a falhar o apuramento.
Com todo o seu currículo continental, a Alemanha não é a melhor selecção do mundo. É a segunda, atrás da selecção dos EUA, que está no topo do ranking FIFA há mais de um ano e que, desde 2003, nunca esteve abaixo do segundo posto. As norte-americanas têm mais títulos mundiais (três em sete edições) e têm sido as grandes dominadoras do futebol olímpico (quatro títulos em seis, sendo que, no Rio 2016, nem às medalhas chegaram, com o título a ir para a Alemanha). Na Gold Cup, que é o torneio da CONCACAF (América do Norte, Central e Caraíbas), os EUA ganharam sete dos nove títulos (os outros dois títulos são do Canadá).
A geografia do futebol feminino apresenta várias diferenças em relação à do futebol masculino. De acordo com o “ranking” FIFA são 211 selecções masculinas activas, mas apenas 134 no futebol feminino (em 177). Na América do Sul, que é um continente “louco” por futebol, são apenas quatro as selecções que disputaram jogos nos últimos 18 meses (Brasil, Colômbia, Equador e Venezuela), com as restantes a aparecerem como inactivas.
Uma delas é a Argentina (líder do ranking FIFA masculino), que já não disputa jogos desde 2014, algo que se explica por não ter uma liga profissional de futebol feminino. O Chile, bicampeão sul-americano e 6.º no ranking masculino, é outro dos países que não tem selecção feminina activa. O Brasil é, de longe, a melhor selecção da América do Sul e, durante cinco anos seguidos, foi uma brasileira a ser considerada a melhor jogadora do ano – Marta, que tem mais golos que jogos pela selecção brasileira.
Mas a grande diferença em relação ao futebol masculino vem da Ásia, com três selecções deste continente entre as dez melhores da actualidade – a melhor selecção asiática masculina é o Irão, em 27.º lugar. A Austrália (que para efeitos futebolísticos é considerada uma selecção da Ásia) é a equipa mais forte deste trio (7.º), seguida do Japão (8.º), campeão mundial em 2011 e “vice” em 2015, e da Coreia do Norte (9.º), que recentemente se sagrou campeã mundial no escalão sub-17.