Marcelo em Cuba para apoiar a abertura política e económica
Presidente da República chega esta terça-feira a Cuba para visita de dois dias. Seguem-se Colômbia e Brasil
Em conversa com Raul Castro, um político norte-americano insistiu no pluripartidarismo em Cuba. Raul argumentou que já têm um partido e que funciona bem e que, no fundo, os americanos também só têm um partido. Mas o norte-americano insistiu: que tenham pelo menos dois, como os EUA que têm o Partido Republicano e o Partido Democrata. E, aí, o Presidente cubano respondeu que isso era como se Cuba tivesse dois partidos: Fidel dirigiria um; e Raul outro.
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Em conversa com Raul Castro, um político norte-americano insistiu no pluripartidarismo em Cuba. Raul argumentou que já têm um partido e que funciona bem e que, no fundo, os americanos também só têm um partido. Mas o norte-americano insistiu: que tenham pelo menos dois, como os EUA que têm o Partido Republicano e o Partido Democrata. E, aí, o Presidente cubano respondeu que isso era como se Cuba tivesse dois partidos: Fidel dirigiria um; e Raul outro.
Não é uma anedota de americanos sobre cubanos, a história foi contada pelo próprio Raul Castro no VII Congresso do Partido Comunista Cubano, em Abril. E é a essa ilha, onde os irmãos Castro continuam a mandar, mas onde também já se vivem as "dores" da abertura ao mundo, que Marcelo Rebelo de Sousa chega esta terça-feira para uma visita de Estado de dois dias, a primeira de um Presidente português.
O seu primeiro encontro não será, contudo, com nenhum dos irmãos Castro, mas com o bispo auxiliar de Havana. D. Juan Ruiz vai acompanhar Marcelo, na manhã de quarta-feira, ao infantário Padre Usera, que é dirigido por uma portuguesa, a irmã Teresa Vaz da Congregação das Irmãs do Amor de Deus. O Presidente português dá assim, também, um sinal do apreço que tem pela importância da Igreja na sociedade cubana. E acentua esse sinal no dia seguinte, num encontro com o cardeal Jaime Ortega, antigo bispo de Havana.
Marcelo quer que esta visita seja vista como um apoio de Portugal ao caminho de abertura política e de reformas económicas que Cuba tem vindo a fazer. E leva na bagagem um sinal político desse apoio. Mas também quer reforçar as relações bilaterais a nível institucional, económico e cultural.
A nível institucional só o facto de esta ser a primeira visita de um Presidente português é, logo, um sinal claro. A esse nível, Marcelo encontra-se, como é natural, com o Presidente Raul Castro e este oferece-lhe um jantar oficial na quarta-feira à noite. No início dessa tarde, poderá ter lugar o encontro do Presidente português com Fidel Castro, uma visita pedida por Marcelo e que estará dependente das condições de saúde do líder histórico da revolução cubana.
No plano económico, vai ter lugar um fórum empresarial Portugal-Cuba. As exportações portuguesas para Cuba, sobretudo de plásticos, embalagens e vidro e cartão, têm aumentado nos últimos anos e representam perto de 50 milhões de euros. A Cuba, Portugal compra principalmente açúcar e carvão vegetal.
As principais relações entre os dois países são mesmo as culturais e isso também se vê na agenda do Presidente que vai inaugurar a primeira biblioteca de língua portuguesa em Cuba, a Biblioteca Eça de Queirós, o escritor português que foi cônsul em Havana. Na quinta-feira, Marcelo dará uma conferência na Universidade de Havana sobre Portugal e a América Latina e vai visitar uma exposição de filigrana portuguesa na Fábrica de Arte Cubana.
Havana é, contudo, apenas a primeira etapa da ronda do Presidente pela América Latina, que inclui duas cimeiras. Primeiro a Ibero-Americana, em Cartagena das Índias (Colômbia), nos dias 28 e 29. Depois, a cimeira da CPLP, em Brasília, nos dias 31 de Outubro e 1 de Novembro.