Desmantelamento da "Selva" de Calais a decorrer mais rápido do que o previsto

Autoridades temem violência durante a noite, mas de dia previa-se a saída de 3000 refugiados e imigrantes, levados em autocarros para centros de acolhimento noutras localidades francesas.

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Nos próximos dias sairão 40 autocarros por dia de Calais AFP

A operação de desmantelamento do campo conhecido como a “Selva” da cidade francesa de Calais começou com enormes filas de refugiados e imigrantes para serem levados em autocarros para outros centros de acolhimento de França, a um ritmo que os responsáveis disseram ser mais rápido do que o previsto. Esperava-se que no final do dia tenham saído do local 3000 pessoas em 60 autocarros, e nos dois dias seguintes mais 40 autocarros por dia, até todas as mais de oito mil pessoas que estão nos campos terem saído do local.

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A operação de desmantelamento do campo conhecido como a “Selva” da cidade francesa de Calais começou com enormes filas de refugiados e imigrantes para serem levados em autocarros para outros centros de acolhimento de França, a um ritmo que os responsáveis disseram ser mais rápido do que o previsto. Esperava-se que no final do dia tenham saído do local 3000 pessoas em 60 autocarros, e nos dois dias seguintes mais 40 autocarros por dia, até todas as mais de oito mil pessoas que estão nos campos terem saído do local.

Já houve vários desmantelamentos parciais deste enorme campo de Calais, mas desta vez as autoridades garantem que será total.

Entre os habitantes do campo há quem queira sair, e quem preferisse ficar. Por cada entrevistado que diz que a melhor solução é ficar e pedir asilo em França – a maioria não quis fazê-lo, está ali para tentar passar para o Reino Unido, onde têm família ou falam a língua – outros dizem que mantém esse objectivo. “Tentamos todos os dias” atravessar o canal, disse um jovem afegão ao diário espanhol El País. “Mesmo que seja levado para outro lado, vou voltar e continuar a tentar.”

Muitas vezes os refugiados seguram-se na parte de baixo de camiões e entram assim nos ferries com destino ao Reino Unido, já houve quem tentasse passar os 40 quilómetros de água a nado, ou entrar na linha de comboio. Já morreram pessoas que caíram no meio da estrada ao soltar-se do camião, que se afogaram, ou que foram electrocutadas ou atropeladas na linha férrea.

Se o primeiro dia estava a correr de modo pacífico, a noite anterior trouxe alguns distúrbios e temia-se que estes se pudessem repetir, com alguns migrantes e refugiados a fazer últimas tentativas desesperadas para chegar ao outro lado.

A acção de desmantelamento de Calais, cujo acampamento com cada vez mais pessoas estava a dar força à Frente Nacional de Marine Le Pen, não está no entanto a agradar às localidades que vão receber estes refugiados e migrantes: a localidade de Allex, 2500 habitantes, está há semanas a protestar pela chegada de 50 refugiados, e o presidente da câmara de Saint-Bauzille-de-Putois, 1800 habitantes, ameaçou demitir-se após saber dos planos de um centro para 87 migrantes.

Também tem sido um tema complicado entre França e Reino Unido, que têm um acordo segundo o qual os franceses autorizam os britânicos a fazer o controlo de fronteira do lado de Calais. Os dois lados acordaram a passagem de menores não acompanhados ou com famílias no Reino Unido, que foram entretanto levados para a margem britânica antes do processo de desmantelamento do campo.

Mas a organização Help Refugees alertou para que estavam ainda na “Selva” “49 menores de 13 anos ou não acompanhados”, que seriam elegíveis para ir para o Reino Unido. A ONG sublinha que “este ambiente caótico é extremamente stressante e perturbador para os menores sozinhos, dos quais o mais novo tem oito anos”.