Valónia pede tempo para negociar acordo com Canadá que deu negociação por finda
A região belga da Valónia tem necessidade de "um pouco de tempo" para negociar o acordo de comércio livre com o Canadá (CETA, na sigla em inglês), disse nesta sexta-feira à agência noticiosa AFP o chefe do Governo valão. Ao mesmo tempo, Paul Magnette declarou-se "surpreendido" pelo fracasso das discussões com os canadianos.
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A região belga da Valónia tem necessidade de "um pouco de tempo" para negociar o acordo de comércio livre com o Canadá (CETA, na sigla em inglês), disse nesta sexta-feira à agência noticiosa AFP o chefe do Governo valão. Ao mesmo tempo, Paul Magnette declarou-se "surpreendido" pelo fracasso das discussões com os canadianos.
"Estávamos a entender-nos bem, a ter uma discussão construtiva com os canadianos, mas não nos pudemos entender sobre o tempo, o que lamento. Disse que a democracia exige tempo", afirmou Paul Magnette, cuja oposição ao CETA impediu a sua adopção pela União Europeia.
A ministra canadiana do Comércio, Chrystia Freeland, abandonou neste mesmo dia as negociações que conduzia em Namur, no sul da Bélgica, sede do Governo e Parlamento valões, deplorando o fracasso das negociações e, de forma mais geral, "a incapacidade" dos europeus em concluírem um acordo internacional. "O Canadá está decepcionado, eu pessoalmente estou muito desiludida. Trabalhei muito, mas penso que é impossível [chegar a acordo]. Decidimos regressar [ao Canadá] e estou muito triste", afirmou, muito emocionada, a ministra canadiana.
"Estou verdadeiramente surpreendido porque estávamos a avançar, com um entendimento cordial. Paradoxalmente, é mais fácil avançar com o Canadá do que, por vezes, no seio da União Europeia", declarou Magnette.
O ministro-presidente da Valónia tornou a realçar que, se as discussões comerciais conduzidas pela Comissão Europeia com o Canadá duraram sete anos, a Valónia só começou a negociar com a Comissão Europeia no início de Outubro, apesar de o Parlamento valão expressar as suas preocupações desde há meses.
"É uma questão de democracia, simplesmente. Sei que há muitos parlamentos que não examinam os tratados internacionais. O nosso tem os mesmos direitos que um Parlamento nacional e iniciámos um processo de exame parlamentar do tratado desde há mais de um ano", insistiu Magnette.
"É esta questão do tempo, não peço meses, mas um processo parlamentar não se pode fazer em dois dias. Portanto, para eles (canadianos) é muito tempo e para nós é muito pouco", prosseguiu o chefe dos socialistas valões.
A ruptura das negociações não significa porém "o fim do processo", garantiu esta noite a comissária do Comércio europeia, Cecilia Malmstrom. Mas Paul Magnette entende que a bola está do lado da Comissão. "Uma vez que se trata de uma interrupção decidida por uma das partes, compete à Comissão Europeia retomar os contactos para ver se é possível, e em que condições, retomar as negociações", declarou.
É "impossível prever" uma data para o relançamento das negociações, o que "depende da vontade das partes de se sentarem à mesa", reconheceu. "Sempre dissemos que não estávamos contra um tratado com o Canadá", insistiu Paul Magnette, garantindo que foi "sempre muito construtivo, do princípio até ao fim".