“Nunca nos passou pela cabeça libertar esta peça”

Director do Museu de Faro sempre foi contra a venda da escultura pelo município.

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Marco Lopes, director do Museu Municipal de Faro DR

Marco Lopes, director do Museu Municipal de Faro, conhece a intenção de comprar a escultura africana nkisi nkondi à sua instituição desde o início do ano, através de uma proposta oficial que recebeu da galeria britânica. Sempre foi contra a venda da peça. Fala dos tesouros do museu, como o mosaico romano do Deus Oceano, que está em vias de classificação devido à sua importância.

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Marco Lopes, director do Museu Municipal de Faro, conhece a intenção de comprar a escultura africana nkisi nkondi à sua instituição desde o início do ano, através de uma proposta oficial que recebeu da galeria britânica. Sempre foi contra a venda da peça. Fala dos tesouros do museu, como o mosaico romano do Deus Oceano, que está em vias de classificação devido à sua importância.

Foi discutida com o Museu de Faro a possibilidade de vender a peça para fazer obras de beneficiação?
A galeria apresentou um valor que seria a favor da beneficiação do museu. Mas não existe projecto absolutamente nenhum a partir dessa proposta que foi apresentada pela galeria.

Qual foi a sua opinião sobre a possibilidade de vender uma peça do acervo para investir no museu?
A minha opinião foi sempre contrária à venda, obviamente. Nunca nos passou pela cabeça libertar esta ou qualquer outra peça. Neste momento os holofotes incidem todos sobre o nkisi, mas esta discussão abriu também aqui o debate sobre o que está no acervo em termos de qualidade, que é aquilo que me parece verdadeiramente importante. Para além do nkisi, existem outros tesouros.

E quais são os outros tesouros do Museu de Faro?
Temos aqui o mosaico romano do Deus Oceano, que está em vias de ser classificado. Isto para explicar que o acervo, todo ele, é importante. Seja o nkisi, seja o mosaico, um caco pequeno de arqueologia ou qualquer outro elemento. E a minha posição é muito clara relativamente a isso: não há qualquer peça que deva ser expropriada. Claro que as peças podem ser sempre emprestadas para uma exposição temporária.

O que está a dizer é que o museu sempre foi contra a venda da peça?
Sim, sim.

Porque é que a proposta chegou a reunião de Câmara?
Isso é uma questão política na qual não interfiro. Limito-me a dar a nossa posição técnica. Terá ido a reunião de câmara porque se tratava de um assunto delicado, porque nunca foi colocada antes a possibilidade de alguém querer comprar uma peça. Acharam que devia ser discutido no órgão mais importante da câmara com capacidade de deliberação.

Mas a Câmara pode, pelos estatutos do museu, vender peças da colecção?
No regulamento do museu municipal isso não está previsto. Há várias modalidades de incorporação, mas não se coloca a possibilidade de venda.