PCP quer moratória do serviço da dívida para promover o investimento
Jerónimo de Sousa diz que os constrangimentos europeus como o défice e a dívida vão acabar por determinar negativamente a situação política nacional.
O voto favorável do PCP ao Orçamento do Estado para 2017 não está em causa, pelo menos na generalidade, mas o caminho de futuro pode ser tortuoso. Foi o que Jerónimo de Sousa foi dizer ao Presidente da República: o que preocupa os comunistas é a contradição de ter que pagar “centenas de milhões de euros por mês de serviço da dívida” enquanto se discute “o aumento de 10 euros nas pensões”.
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O voto favorável do PCP ao Orçamento do Estado para 2017 não está em causa, pelo menos na generalidade, mas o caminho de futuro pode ser tortuoso. Foi o que Jerónimo de Sousa foi dizer ao Presidente da República: o que preocupa os comunistas é a contradição de ter que pagar “centenas de milhões de euros por mês de serviço da dívida” enquanto se discute “o aumento de 10 euros nas pensões”.
“Esta contradição vai ser colocada, mais cedo que tarde”, afirmou o líder do PCP aos jornalistas, defendendo “no mínimo uma moratória ao serviço da dívida” para poder apostar no investimento e na criação de riqueza.
“Os portugueses compreendem que, num quadro em que necessitamos como de pão para a boca de investimento, de criação de riqueza, de reforço do aparelho produtivo, vamos ter de pagar num ano só em juros 8500 milhões de euros, há aqui uma contradição.Todos estão de acordo na necessidade de mais investimento, mas e os meios? Renegociar a dívida, particularmente uma moratória ao serviço da dívida, penso que se justificava plenamente”, afirmou.
À partida, como deixou perceber, a questão não deverá afectar o voto do PCP no orçamento em discussão no Parlamento. “A questão é objectiva: saber se o OE de 2017 mantém a linha de rumo de reposição de rendimentos e direitos – se isso acontecer é um passo adiante, mas obviamente insuficiente em relação ao futuro”.
Mas Jerónimo de Sousa não se compromete para já com o voto final do PCP: “Não se pode validar ou invalidar à partida o OE” disse, prometendo que na especialidade apresentarão propostas “no sentido de maior reposição de direitos”. Mas em vez de dizer quais, o líder comunista preferiu apontar a Bruxelas.
“Há coisas que nos preocupam mais”, disse. E explicou: “Os constrangimentos que resultam hoje da União Europeia – o défice, a dívida, a política do euro, a situação da banca – esses sim são factores que podem determinar negativamente esta evolução que deve ser mantida, para este orçamento e para o próximo”.