Nas ruas de Lisboa, já circula um autocarro movido a electricidade
"Este eléctrico é um autocarro", lê-se no veículo que até ao início do próximo ano vai estar ao serviço das carreiras 758 e 706 da Carris.
O autocarro eléctrico da empresa CaetanoBus que vai ser testado pela Carris até ao início do próximo ano já começou a circular pelas ruas de Lisboa. Na viagem inaugural, o veículo despertou a curiosidade não só dos passageiros mas também de muitos peões, que pararam na rua para o ver passar.
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O autocarro eléctrico da empresa CaetanoBus que vai ser testado pela Carris até ao início do próximo ano já começou a circular pelas ruas de Lisboa. Na viagem inaugural, o veículo despertou a curiosidade não só dos passageiros mas também de muitos peões, que pararam na rua para o ver passar.
Com a tradicional cor amarela da Carris, o autocarro estreou-se esta quinta-feira ao serviço da carreira 758, que une as Portas de Benfica ao Cais do Sodré. Durante os próximos meses, o veículo vai estar afecto a essa carreira durante parte do dia e à carreira 706, entre a Estação de Santa Apolónia ao Cais do Sodré, durante o tempo restante.
“Autocarro? Sim, é eléctrico”, lê-se na frente do autocarro, no exterior do qual estão espalhadas outras informações, como “emissões zero”, “100% movido a electricidade” ou "este eléctrico é um autocarro". No interior não são visíveis grandes diferenças relativamente a um veículo tradicional, mas quando a viagem começa o caso parece mudar de figura.
Ângela Reis foi a passageira número um desta viagem inaugural. Quando estava na paragem, confessa, estranhou ver um autocarro diferente daquele em que viaja praticamente todos os dias e ainda se perguntou se seria o seu. Depois de constatar que era, e de perceber que ia viajar num autocarro eléctrico, a passageira de 20 anos ficou satisfeita. “Acho que é muito positivo, com tanta poluição de que falam. É muito importante esta inovação”, avalia.
Quanto às diferenças sentidas, Ângela Reis começa por dizer que não sabe se consegue identificá-las, mas umas centenas de metro à frente o seu discurso já é outro: “Parece-me uma viagem mais calma, menos atribulada”. E acha que há menos ruído? “Realmente parece muito mais calmo”, observa a jovem, contente por saber que está a participar na primeira viagem deste veículo ao serviço da Carris.
Já Clarice Benides começou por ficar confusa com o que leu no exterior do autocarro. “Atribui que seria um eléctrico dos antigos. Mas depois vi logo que era movido a electricidade”, diz a viajante de 75 anos, satisfeita com o novo veículo mas não com o degrau que se vê obrigada a subir para se sentar.
Ao volante está Paulo Costa, que trabalha na Carris há cerca de uma década. O motorista, que recebeu formação para conduzir este autocarro, garante que as diferenças relativamente a qualquer outro não são muitas.
“Basicamente o geral é a mesma coisa”, diz, observando que “a condução é confortável” e que o veículo “tem muita luz, é bonito”. E é mais silencioso? “Não é mais, é muito mais silencioso”, responde sem hesitar, acrescentando que “quase nem se percebe que está a trabalhar”.
Segundo o director de engenharia da CaetanoBus, que esteve presente na viagem que o PÚBLICO acompanhou, este autocarro tem uma autonomia de aproximadamente 70 quilómetros e leva cerca de uma hora e meia a carregar. José Costa explica que se trata de “um veículo experimental, um protótipo”, que no início de 2017 deverá ser testado no Porto, na STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto).
Já o responsável pelo gabinete de relações institucionais da Carris adianta que as viagens feitas durante o período de testes vão ser monitorizadas, para se perceber qual o desempenho deste autocarro. Quanto ao que acontecerá depois disto, Francisco Sousa admite que a aquisição de veículos eléctricos pode ser uma possibilidade, mas frisa que “já é um passo muito grande conseguir-se estar hoje a fazer este teste em serviço público”.