O "efeito Trump" já chegou às escolas americanas?
Inquérito a professores dos EUA mostra que ambiente nas escolas mudou com a campanha eleitoral. Sondagem mostra que metade dos jovens prefere que um meteorito destrua a Terra do que ver Trump na Casa Branca.
A retórica e o discurso de Donald Trump durante a campanha eleitoral norte-americana tem suscitado alguma preocupação um pouco por todo o lado e particularmente nos Estados Unidos. Muitos prevêem efeitos nefastos para vários sectores da sociedade americana caso o candidato do Partido Republicano seja eleito. Seja na economia, nas relações externas e até na educação. Este tem sido, inclusivamente, um dos pontos mais fortes no discurso da candidata democrata Hillary Clinton.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A retórica e o discurso de Donald Trump durante a campanha eleitoral norte-americana tem suscitado alguma preocupação um pouco por todo o lado e particularmente nos Estados Unidos. Muitos prevêem efeitos nefastos para vários sectores da sociedade americana caso o candidato do Partido Republicano seja eleito. Seja na economia, nas relações externas e até na educação. Este tem sido, inclusivamente, um dos pontos mais fortes no discurso da candidata democrata Hillary Clinton.
No entanto, o “efeito Trump”, expressão que já se começa a popularizar, pode já ter consequências nas escolas daquele país. Em concreto, foi o grupo activista Southern Poverty Law Center (SPLC) que começou a falar e a espalhar a ideia de um “efeito Trump”.
E, para provar que este é real, o grupo divulgou um inquérito a mais de dois mil professores do ensino primário e secundário. Quando questionados se têm observado “o aumento do discurso político pouco civilizado nas escolas desde o início da campanha presidencial de 2016”, mais de metade respondeu que “sim”. Dois terços dos inquiridos concordaram também com a afirmação: “Os meus estudantes expressaram preocupação com o que pode acontecer a eles e às suas famílias depois das eleições”. Por outro lado, um terço admitiu um aumento do sentimento anti-muçulmano ou anti-imigração.
O inquérito foi divulgado pela revista Slate, que diz, no entanto, que os resultados não são científicos. Isto porque, os inquiridos inserem-se no grupo de professores registados no SPLC ou que visitam o site do grupo.
Mas no trabalho do SPLC é ainda lançado um desafio aos professores. O de relatarem incidentes concretos sobre a temática. E alguns exemplos podem lançar alguma luz ao ambiente que se vive actualmente em algumas escolas americanas:
- “Um dos meus estudantes, que é muçulmano, está preocupado com facto de vir a ter de utilizar um microchip identificando-o como muçulmano”;
- “Um dos estudantes foi chamado de ‘terrorista’ e acusado de pertencer ao Estado Islâmico. Outro afirmou que seria deportado se Donald Trump vencer as eleições”;
- “Ao falar da vitória de Trump no seu estado, um estudante disse a outro: ‘Adeus, Kevin’ – isto porque Kevin é mexicano”;
- "Um estudante perguntou se foi assim que a Alemanha elegeu Adolf Hitler".
Apesar disso, o bullying pode ter o sentido contrário. Isto é, alguns professores relatam episódios de ataques contra aqueles que, alegadamente, apoiam Donald Trump rejeitando-os socialmente.
Muitos docentes referem ainda que tentam esclarecer este assunto durante as aulas, nomeadamente as propostas de Donald Trump, mas 40% admitiu alguma hesitação ao falar das eleições.
O meteorito
Outra sondagem chegou também a resultados, no mínimo, surpreendentes.
A Universidade do Massachusetts colocou várias hipóteses em confronto com a vitória de um dos actuais candidatos à presidência dos Estados Unidos.
Ora, 67% dos mais de 1200 americanos, com idades entre os 18 e os 35 anos, que responderam ao questionário dizem que preferiam um Presidente escolhido aleatoriamente do que Donald Trump na Casa Branca; 66% escolheriam um mandato vitalício para Barack Obama e, finalmente, 55% preferiam que um meteorito devastasse o planeta Terra do que ver Donald Trump a tomar posse.
No entanto, os resultados não são muito favoráveis a Hillary Clinton. Neste caso, 51% escolheria um mandato vitalício de Obama em vez de uma vitória da candidata democrata, 39% preferia um Presidente escolhido aleatoriamente e 34% trocaria a presidência de Hillary por uma catástrofe provocada por um meteorito.
Tal como no caso anterior, e porque o inquérito foi conduzido na plataforma online, a representatividade não é conclusiva.