Falta formação ao nível da comunicação dos profissionais de saúde com os doentes

Sociedade Portuguesa de Comunicação Clínica em Cuidados de Saúde diz que se trata de "uma das queixas mais comuns dos doentes".

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ENRIC VIVES-RUBIO/Arquivo

A presidente da recém-criada Sociedade Portuguesa de Comunicação Clínica em Cuidados de Saúde (SP3CS) alertou nesta terça-feira para a falta de formação ao nível de comunicação dos profissionais de saúde com os doentes.

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A presidente da recém-criada Sociedade Portuguesa de Comunicação Clínica em Cuidados de Saúde (SP3CS) alertou nesta terça-feira para a falta de formação ao nível de comunicação dos profissionais de saúde com os doentes.

"Esta é uma das queixas mais comuns dos doentes", afirmou Irene Carvalho, referindo que a SP3CS pretende fazer "um levantamento da formação em Comunicação Clínica que está a ser prestada em todas as escolas de Ensino Superior com cursos na área da saúde".

Segundo a presidente da sociedade científica sediada no Porto, há estudos realizados nos Estados Unidos que revelam que as queixas por falha na comunicação médico-paciente são muito mais frequentes do que as queixas provocadas por incompetência técnica e que "foi por isso mesmo que, nos EUA, se assistiu a uma forte implementação de conteúdos sobre Comunicação Clínica nas Universidades que formam médicos, enfermeiros, farmacêuticos e terapeutas de vária ordem".

De acordo com a responsável, também professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), onde a sociedade está sedeada, em Portugal, não existem dados sobre a formação que os futuros profissionais de saúde (desde os médicos até aos psicólogos, passando pelos terapeutas) estão a receber durante a sua formação académica e é por aí que a SP3CS pretende começar.

"Numa altura de grande informatização, tecnicização e compartimentação dos cuidados de saúde, a interacção entre os profissionais de saúde e os pacientes é, muitas vezes, mínima", mas os fundadores da SP3CS consideram "fundamental que a comunicação com o doente e a empatia sejam resgatados para a medicina e para as outras áreas da saúde. Os próprios profissionais de saúde sentem necessidade de formação nesta área", refere a sociedade em comunicado.

Dinamizada por Rui Mota Cardoso, investigador e precursor do ensino pré e pós-graduado da Comunicação Clínica em Portugal, a SP3CS resulta de mais de dois anos de reuniões de vários especialistas portugueses nesta área e tem como objectivos principais promover o desenvolvimento das competências de comunicação nos cuidados de saúde, fomentar a investigação nesta área e dinamizar a cooperação e a partilha de conhecimentos entre os sócios e as entidades nacionais e internacionais.