O que está em jogo em Mossul?
A ofensiva sobre a cidade iraquiana é uma das mais importantes na estratégia para derrotar o Estado Islâmico.
Por que é que Mossul é importante?
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Por que é que Mossul é importante?
Mossul era a maior cidade industrial do Iraque, um centro vital da circulação de produtos, sobretudo de e para a Turquia, cuja importância estratégica cresceu com a descoberta (anos de 1920) de campos de petróleo. Fica junto ao rio Tigre, em frente da cidade histórica de Níneve, que foi parcialmente destruída pelos jihadistas. Antes da chegada do EI, era um lugar onde conviviam pacificamente uma maioria árabe sunita, curdos, turcomenos, assírios cristãos e yazidis.
O que aconteceu quando o EI chegou à cidade?
A queda de Mossul, no Verão de 2014, foi inesperada porque aconteceu em dias. As forças de segurança iraquianas simplesmente abandonaram as suas posições e fugiram, deixando a cidade, e a sua população de mais de 1,5 milhões de pessoas, indefesa perante os extremistas. Deixaram para trás, e nas mãos jihadistas, equipamento militar americano. O EI também se apoderou de meio milhão de dólares em ouro que estava depositado na sucursal local do Banco do Iraque. Os jihadistas ordenaram a expulsão dos não-muçulmanos e centenas de milhares de pessoas saíram da cidade. Aos que ficaram, foi imposto um regime de terror, com execuções e torturas na praça pública diariamente. A música, a Internet e os telefones foram banidos.
Por que é importante a reconquista?
A queda de Mossul foi o maior golpe para a estabilidade política do Iraque e um golpe de propaganda a favor de um grupo que ainda estava em ascenção e aspirava à criação de um Estado organizado (acabaria por auto-proclamar um “califado) no território que conquistou na Sìria e no Iraque. A reconquista de Mossul deixará o EI — que já perdeu cidades chave como Falluja e Ramadi, ambas no Iraque — sem o seu último bastião estratégico na região que dominou durante dois anos. Os analistas dizem que a queda de Mossul debilitará o grupo, que ficará quase confinado à Síria onde está também sob grande pressão militar devido aos bombardeamentos da aliança Damasco-Rússia e da coligação liderada pelos EUA.
Quem participa na operação?
A reconquista de Mossul é uma operação muito complicada pois uma série de forças participam nela: o Governo de Bagdad, os peshmerga curdos, milícias xiitas apoiadas pelo Irão (uma participação controversa, pois a população de Mossul é sobretudo sunita) e os Estados Unidos através do apoio ao Exército iraquiano (há 4600 americanos no Iraque, apoiados por aviação de combate). Os contingentes de apoio vão permanecer nos arredores da cidade e, para o centro, avançarão apenas os soldados iraquianos — 30 mil militares (do exército regular, das forças contra-terrorista, da polícia federal e da polícia local).