A abstenção e o afastamento das pessoas em relação ao poder

A abstenção foi referida no discurso presidencial, a 5 de Outubro.

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Mais de metade dos açorianos não votaram BLR bruno lisita

Os níveis de abstenção nos Açores preocupam o Presidente da República que nem na Suíça, onde está em visita oficial, deixou de comentar a percentagem recorde de eleitores que optou por não participar na eleição do Governo Regional.

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Os níveis de abstenção nos Açores preocupam o Presidente da República que nem na Suíça, onde está em visita oficial, deixou de comentar a percentagem recorde de eleitores que optou por não participar na eleição do Governo Regional.

“Tem muito a ver com a mudança da Democracia e o afastamento das pessoas em relação ao poder e àqueles que governam”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, recuperando a ideia do seu discurso do 5 de Outubro. “Por isso é que é importante fazer uma pedagogia contra a abstenção e essa pedagogia não se pode fazer só em período eleitoral ou pré-eleitoral”, acrescentou. O Presidente sublinhou ainda que a “democracia não é apenas eleições”, é “uma participação contínua ao longo do tempo”.

No seu discurso de sete minutos na cerimónia do 5 de Outubro, e sem qualquer referência específica aos Açores, Marcelo questionou: “Porque razão os portugueses desconfiam da política, dos políticos, das instituições, escolhem a abstenção o distanciamento crítico ou o alheamento cético?” E respondeu: A razão de ser de desconfianças e desilusões e descrença é outra. Tem a ver com o cansaço perante casos a mais de princípios vividos a menos. De cada vez que um responsável público se deslumbra com o poder, se acha o centro do mundo, se permite admitir dependências pessoais ou funcionais, se distancia dos governados, aparenta considerar-se eterno, alimenta clientelas, redes de influências de promoção social — económicas ou políticas –, de cada vez que isso acontece, é a democracia que sofre, é o 5 de Outubro que se empobrece ou esvazia”.