Conselheiro do rei Bhumibol é o monarca regente na Tailândia

Príncipe herdeiro pede tempo para fazer o luto do pai e assim Prem Tinsulanonda, 96 anos, assumirá durante um ano o cargo de chefe de Estado.

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A Tailândia está a preto-e-branco no período de luto pela morte do rei Issei Kato/Reuters

A Tailândia tem um novo regente após a morte do rei Bhumibol. Ainda não é o príncipe herdeiro e filho do monarca, Maha Vajiralongkorn, que, segundo a junta militar no poder, terá pedido tempo para fazer o luto do pai junto com os tailandeses – isso quer dizer que não será coroado durante o próximo ano.

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A Tailândia tem um novo regente após a morte do rei Bhumibol. Ainda não é o príncipe herdeiro e filho do monarca, Maha Vajiralongkorn, que, segundo a junta militar no poder, terá pedido tempo para fazer o luto do pai junto com os tailandeses – isso quer dizer que não será coroado durante o próximo ano.

Assim, será Prem Tinsulanonda, 96 anos, que era muito próximo de Bhumibol, o monarca regente. Não houve qualquer cerimónia para o assinalar: a transferência é automática porque Prem Tinsulanonda é o líder do organismo que aconselha o rei e que, segundo a Constituição, assume a regência em caso de impossibilidade do monarca. O responsável, que foi primeiro-ministro de 1980 a 1988, era visto quase como um porta-voz do rei Bhumibol.

Devido às estritas leis de lesa-majestade, que criminalizam insultos sobre a família real (com uma definição muito lata do que é um insulto), a imprensa não pode discutir a sucessão.

Mas Vajiralongkorn, o único filho do rei (que teve ainda uma filha, mas as regras ditam que apenas os homens são herdeiros), é muito pouco desejado pelos tailandeses, que não o respeitam, e pela junta no poder, que desconfia dele pela sua amizade com o antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra – os militares fizeram o último golpe para afastar a irmã deste, Yingluck, do poder.

Também não é certo que o próprio Vajiralongkorn queira ser rei. O príncipe vive a maior parte do tempo na Baviera, numa casa luxuosa perto de Munique (terá chegado a Banguecoque apenas na véspera da morte do pai, apesar de este estar há dias gravemente doente), divorciou-se três vezes, e retirou alguns dos seus descendentes da linha de sucessão. Um dos divórcios foi tão complicado que a ex-mulher foi viver para o exílio – não se sabe exactamente onde. 

Assim, há algumas questões que terão de ser respondidas, como quem será a rainha, e quem será o herdeiro, quando Vajiralongkorn assumir a coroa.  

A Tailândia continua, entretanto, em luto: os funcionários públicos deverão usar roupas pretas durante um mês (roupas negras esgotaram entretanto e o Governo pediu aos comerciantes para não subirem os preços), cartazes coloridos de anúncios nos centros comerciais estão cobertos de branco, e até as páginas de jornais na Internet e outros sites estão a preto e branco. 

Espera-se que as cerimónias fúnebres de Bhumibol se realizem dentro de alguns meses. Os funerais da família real costumam demorar a preparar e durar vários dias.