Morreu José Lello, o político de "cortante sentido de humor"

Ex-ministro e antigo deputado socialista tinha 72 anos.

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José Lello desempenhou vários cargos no PS marco maurício

José Lello morreu nesta sexta-feira, confirmou o PÚBLICO junto de fonte socialista. O ex-deputado e antigo ministro socialista, de 72 anos, estava doente há bastante tempo devido a um cancro no cólon que o levou a ser hospitalizado esta semana.

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José Lello morreu nesta sexta-feira, confirmou o PÚBLICO junto de fonte socialista. O ex-deputado e antigo ministro socialista, de 72 anos, estava doente há bastante tempo devido a um cancro no cólon que o levou a ser hospitalizado esta semana.

“O PS reage com profundo pesar à morte de José Lello, que além de ser um destacado dirigente socialista, foi sempre um activo importante em todas as lutas da afirmação do Porto”, declarou ao PÚBLICO o presidente da distrital do PS-Porto, Manuel Pizarro. “A sua intervenção cívica ultrapassava em muito as fronteiras partidárias e o estilo próprio que punha nas coisas que eu poderia chamar combatividade jovial, constitui um exemplo que o PS não deixará esquecer”, acrescentou o líder federativo.

Engenheiro mecânico de formação, José Lello começa o seu percurso político muito ligado a Mário Soares. Mais tarde torna-se uma figura central do grupo de Jaime Gama e é aí que começa a ligação a José Sócrates, de quem era muito próximo.

O ex-deputado ascende pela primeira vez ao Governo após a vitória do PS em Outubro de 1995, sendo nomeado secretário de Estado das Comunidades, precisamente quando Jaime Gama é convidado para ministro dos Negócios Estrangeiros no XIII Governo Constitucional.

Em 2000, o primeiro-ministro, António Guterres, escolheu-o para ministro da Juventude e do Desporto. Nas eleições legislativas antecipadas de Março de 2002 ocupa o segundo lugar na lista de deputados pelo Porto encabeçada por Alberto Martins. Cinco anos depois torna-se vice-presidente da Assembleia do Atlântico Norte. Mais tarde ascende a presidente da Assembleia Parlamentar da NATO, cargo que ocupa até 2008.

Foi deputado em todas as legislaturas desde 1983 até 2015, tendo sido presidente do conselho de administração da Assembleia da República e vice-presidente do grupo parlamentar do PS. Desempenhou funções como membro das comissões políticas e nacional do PS. Integrou o secretariado nacional do partido.

Nas últimas eleições presidenciais, José Lello apoiou a candidatura de Maria de Belém Roseira ao Palácio de Belém.

PS consternado

"Como autarca e apaixonado pela sua cidade do Porto, José Lello – que foi também dirigente do Boavista Futebol Clube – serviu entre 1976 e 1989 como deputado na Assembleia Municipal. Além da sua capacidade de trabalho e dedicação às causas em que acreditava, José Lello caracterizava-se por um apurado e cortante sentido de humor, que utilizava muitas vezes como instrumento na sua actividade política e pública, tornando-o um dos mais conhecidos e populares parlamentares portugueses das últimas décadas", salienta a direcção do PS em comunicado enviado à Lusa, no qual se sublinham os "relevantes serviços" de Lello ao país. O PS expressa "profunda consternação" pela morte do militante.

Numa declaração aos jornalistas no Parlamento, o presidente do PS, Carlos César, destacou o trabalho de José Lello como secretário de Estado das Comunidades de que se apercebeu quando era presidente do Governo Regional dos Açores. “Como secretário de Estado deixou uma marca muito impressiva um pouco por todo o mundo onde havia comunidades portuguesas", disse o também líder da bancada parlamentar socialista.

“Era impressionante perceber a forma entusiástica” como José Lello exerceu estas funções, elogiou Carlos César, acrescentando que a “presença” constante daquele governante nas várias comunidades espalhadas pelo mundo “as estimulou e aproximou-as do país”.

Carlos César disse que a morte de José Lello é um “momento de grande consternação” para a família socialista que, por isso, cancelou a reunião da Comissão Nacional que estava marcada para este sábado. O presidente do PS lembrou a forma “incisiva” e o “modo de estar” de Lello no PS, o seu trabalho na área da Defesa enquanto deputado e, nessas funções, como presidente da Assembleia Parlamentar da NATO. 

O baladeiro

José Lello teve uma curta carreira como cantor entre o final dos anos 1960 e o início da década seguinte. Em 1969, surgiu no derradeiro alinhamento de Os Titãs, uma banda que se tinha apresentado originalmente no formato “tipo Shadows” (sem vozes) e participado no primeiro festival de rock em Portugal, a 16 de Setembro de 1963, no antigo Cinema Roma, em Lisboa. Além de cantar, Lello toca saxofone no último disco da banda de Matosinhos – One Way Love.

Antes de integrar Os Titãs, tinha passado pelos Cinco Académicos (1962), Conjunto Sousa Pinto (1964) – com o qual gravou os seus três primeiros vinis – e Inova 67 (durante o serviço militar), de acordo com a Biografia do Ié-Ié de Luís Pinheiro de Almeida.

Ainda em 1969, estreou-se a solo com Baladas, um EP com quatro originais seus – Caminhando, Balada para um emigrante, Miguel e Pescador – que foi destacado como disco da semana na revista Plateia. Seguiu-se o EP A noite do mar, com mais cinco temas – um homónimo, Canção para uma flor, Mar da tranquilidade e Canção que o vento há-de cantar.

Com H.T. e M.L.