Ensino Superior: o desafio de integrar os novos estudantes
As Universidades tornaram-se instituições centrais nas nossas sociedades contemporâneas e isso trouxe-lhes uma visibilidade acrescida do espaço público. Um dos motivos que deu enorme relevância ao Ensino Superior foi a convicção crescente de que a formação superior trazia inúmeros benefícios em termos relativos. Obviamente que uma parte importante desses benefícios se refere a aspectos económicos (mais rendimento ao longo da vida, menor risco de desemprego, empregos com mais oportunidades de formação adicional). No entanto, hoje sabemos também que uma população mais escolarizada beneficia também de múltiplos benefícios não-económicos (melhor saúde, maior capacidade de participação cívica e política, maior reconhecimento social, entre outras).
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As Universidades tornaram-se instituições centrais nas nossas sociedades contemporâneas e isso trouxe-lhes uma visibilidade acrescida do espaço público. Um dos motivos que deu enorme relevância ao Ensino Superior foi a convicção crescente de que a formação superior trazia inúmeros benefícios em termos relativos. Obviamente que uma parte importante desses benefícios se refere a aspectos económicos (mais rendimento ao longo da vida, menor risco de desemprego, empregos com mais oportunidades de formação adicional). No entanto, hoje sabemos também que uma população mais escolarizada beneficia também de múltiplos benefícios não-económicos (melhor saúde, maior capacidade de participação cívica e política, maior reconhecimento social, entre outras).
Por estes motivos, a obtenção de formação superior tornou-se hoje, felizmente, um dos objetivos de vida de cada vez mais jovens, assim como de todos aqueles que percebem a importância da formação ao longo da vida. As Instituições de Ensino Superior têm, por isso, a responsabilidade de se prepararem e responderem adequadamente a estas grandes expectativas de uma sociedade para quem o conhecimento tem cada vez mais valor económico e social.
É neste contexto que ganha acrescida importância a necessidade das Universidades promoverem uma bem-sucedida integração dos novos estudantes. Todos aqueles que viveram essa experiência sabem que é um tempo de entusiasmo e expectativa, mas também de incerteza acrescida, perante um novo mundo de escolhas intelectuais, profissionais e pessoais, presentes e futuras. Sabemos que, para a maioria dos estudantes, os primeiros tempos na Universidade são decisivos para um bom desempenho académico e para um percurso bem-sucedido. É, por isso, essencial que as Instituições de Ensino Superior saibam contribuir da melhor forma para essa integração, retirando cada vez mais o espaço a práticas pouco dignificantes e promovendo uma oferta diversificada de actividades culturais, desportivas e cívicas essenciais para a formação do estudante enquanto cidadão e futuro profissional.
Promover a integração dos novos estudantes passa também por (re)valorizar a missão de ensino, primeira missão da Universidade, alimentada por uma forte actividade de investigação de qualidade. Deste modo, as Instituições de Ensino Superior devem apoiar a formação pedagógica e científica dos docentes, fortalecendo o processo educativo numa perspectiva de inclusão dos estudantes. Tal faz-se também pelo reforço da exigência, com evolução contínua, da qualidade dos modos de ensino, aprendizagem e avaliação, que expandam a aquisição de conhecimentos, que incluam o desenvolvimento de competências diversificadas, que abram horizontes profissionais e científicos numa perspetiva global, e que fortaleçam a capacidade de compromisso com a comunidade envolvente.
Perante este desafio, a Universidade do Porto tem, de há alguns anos para cá, desenvolvido trabalho continuado para a integração dos estudantes na componente académica e social da instituição. Destaca-se, pelo valor simbólico, um dia festivo de acolhimento aos novos estudantes pela Universidade e pela cidade do Porto, complementada por um conjunto diversificado de actividades nas diferentes faculdades ao longo do primeiro ano. Estas actividades incluem informação sobre o curso e respectivas saídas profissionais, formações que promovem competências transversais, programas de tutoria/mentoria para apoio aos novos estudantes, assim como eventos culturais e actividades desportivas. Os estudantes são igualmente desafiados ao longo do seu percurso para projectos de intervenção na comunidade (tais como programas de voluntariado), projectos tecnológicos e de investigação em cooperação com centros de investigação, empresas e outras entidades, para além de programas de mobilidade internacional. Paralelamente, a U.Porto estabeleceu, à semelhança de outras Universidades nacionais e internacionais, uma actividade de formação pedagógica regular e diversificada dos seus docentes, promovendo a discussão e reflexão sobre a necessária adaptação dos métodos de ensino e de avaliação num tempo de rápida mudança.
A sociedade portuguesa espera hoje, mais do que nunca, que as Instituições de Ensino Superior sejam capazes de contribuir decisivamente para ultrapassar dificuldades conjuncturais e bloqueios ancestrais. Esperam, de modo particular, que saibam formar indivíduos bem preparados cientificamente, mas também comprometidos com a comunidade e empenhados na promoção de uma sociedade melhor. O percurso que a U.Porto está a trilhar não será único no contexto do Ensino Superior Português, mas esperamos que possa contribuir para animar outras a dedicarem mais atenção a uma integração bem-sucedida dos novos estudantes. Se o fizermos, estaremos a merecer a confiança que a sociedade deposita em nós.