Crime de Aguiar da Beira: um homem simpático e galanteador que fazia tropelias
Em Arouca ninguém acredita que Pedro João, divorciado, 44 anos, e pai de duas crianças, seja capaz de alvejar alguém a sangue frio.
Em Arouca ninguém acredita que Pedro João, divorciado, 44 anos, e pai de duas crianças, uma das quais apenas com alguns meses, seja capaz de alvejar alguém a sangue frio. Simpatia e educação no trato são traços sublinhados por todos. Muitos falam também das tropelias deste homem, que nasceu em Angola, no seio de uma família conhecida na região de Arouca. Mas só lhe atribuem pequenos delitos, como furtos, e alguma criatividade nos negócios.
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Em Arouca ninguém acredita que Pedro João, divorciado, 44 anos, e pai de duas crianças, uma das quais apenas com alguns meses, seja capaz de alvejar alguém a sangue frio. Simpatia e educação no trato são traços sublinhados por todos. Muitos falam também das tropelias deste homem, que nasceu em Angola, no seio de uma família conhecida na região de Arouca. Mas só lhe atribuem pequenos delitos, como furtos, e alguma criatividade nos negócios.
Nada que tenha ficado inscrito no registo criminal. Isto apesar de estar referenciado pelas autoridades, que há cerca de dois anos lhe apreenderam algumas aves exóticas e um macaco roubados numa propriedade na Várzea, a uns quilómetros do centro de Arouca. No terreno, manterá animais e até já fez criação de cavalos de raça lusitana. Há ainda registo de uma queixa-crime apresentada pela ex-mulher que denunciou o antigo companheiro por lhe ter alegadamente destruído alguns bens e furtado outros.
“É uma pessoa calma, dócil, educada e não pode ser mais amiga do seu amigo”, afirma Pedro Miguel, designer gráfico, que é amigo de Pedro João desde o jardim de infância e um dos poucos que aceita dar a cara. “Também não pode ser pior para os inimigos”, admite o amigo, que não acredita que Pedro João fosse capaz de balear alguém de forma fria e brutal.
O pai engenheiro e a mãe professora, dizem várias pessoas ouvidas pelo PÚBLICO, tê-lo-ão socorrido várias vezes, pagando por furtos que o filho terá cometido e evitando que os casos prosseguissem na Justiça. Nesta quarta-feira, o PÚBLICO tocou à sua porta, uma moradia no centro de Arouca, e quem atendeu foi a única irmã de Pedro João, visivelmente transtornada. “Estão a criar um perfil de monstro que não é verdadeiro”, afirmou, recusando-se a prestar mais declarações.
Aos amigos, Pedro João dizia que era piloto de aviões de transporte de mercadorias, tendo tirado o brevet na África do Sul para onde teria emigrado há uns anos com esse propósito. Seria aliás para aquele país que faria vários voos. Antes vestira outras profissões: vendera rações para animais, criara cavalos e coelhos. O gosto pelos animais é outra característica que muitos lhe apontam.
Pedro Miguel diz que o amigo tem boa preparação física e é um amante dos desportos de aventura, o que explica o facto de conhecer tão bem a região. Dos colegas de liceu, há quem recorde a sua faceta de galanteador. “Lembro-me de termos ido uma vez a uma discoteca e ele ter entregado de joelhos um grande ramo de flores a uma pretendente à frente de todos”, conta um colega, que pede para não ser identificado. Uma vizinha, que gosta muito da família, diz que todos sabiam que ele é “maroto”, mas mostra-se muito surpreendida com a violência que as autoridades lhe atribuem.